Encontro da cultura latino-americana e brasileira
A Caixa (Tambor Pequeno)
Não é apenas um instrumento de percussão classificado pela família dos membrafones, som produzido pela vibração da membrana (pele). Ele é consagrado por uma força que perpassa diversas culturas e chega a perder-se no imemorial. Associados aos ritmos do corpo e da natureza, os tambores foram meio de comunicação entre os homens e entre estes e seus deuses. Através dos tempos foram ganhando diversas formas, tamanhos e timbres. Às vezes tocados com as mãos livres, outras com o auxílio de baquetas. Por todos os lados do planeta, múltiplos são os seus sons. Segundo o “Dicionário de Símbolos”, de Jean Chevalier, sua simbologia é de importância sagrada no mundo inteiro. Aqui, em nosso país, os tambores são tão distintos e divinos quanto os povos que formaram a nossa nação; temos aqueles de origem indígena, os de origem africana, os de origem portuguesa e, junto destes, suas influências egípcias, gregas, romanas, árabes... Assim chegou, popularizou-se e criou identidades distintas, ou seja, em cada canto do Brasil seu toque é variado conforme as influências.
"Praticamente, toda a família de tambores foi para a Europa Ocidental através de contato Árabe, ou foi popularizada por esse meio. Por exemplo, o pequeno tambor (naker, timbale) que era chamado le tambour de Perses. O naker (originalmente naqqara) ou o pequeno tambor é um instrumento timpânico com um corpo duplo hemisférico tocado com baquetas de madeira..." (SALMAN, 1997, [s.p.]).
Esse tipo de tambor também é conhecido como “tambor provençal” por ser de grande uso na região da Provença em música popular e danças, após a Idade Média difundiu-se pela Europa (FRUNGILLO, 2002). Em Portugal, é considerado um instrumento popular e tradicional tocado junto a uma flauta por uma mesma pessoa, conhecido pelo nome de “Tamboril”. É tocado principalmente em festas religiosas, peditórios, procissões, padroeiros, presépios de Natal em caráter cerimonial e até litúrgico, e também em funções profanas e lúdicas.
A Caixa de Folia
Caixas de folia são tambores de duas peles usadas em congados, reisados e moçambiques. Também chamadas "caixas de guerra" ou "caixas do Divino", são parentes próximas das alfaias de maracatu.
As peles, ou "couros" são esticadas por um conjunto de aros de metal, madeira e cordas. Cada caixa pode apresentar afinadores laterais - aros de couro, que podem ser deslizados para cima (deixando o som mais agudo) e para baixo (deixando o som mais grave).
Esse tambor chegou ao Brasil através dos imigrantes das Ilhas dos Açores de Portugal com os “foliões” da Festa do Divino e pelas bandas militares. No Maranhão é feminino, conhecido como Caixas do Divino por serem mulheres as responsáveis por conduzirem todo o ritual da Festa do Divino tocando e cantando com esse tambor, elas são chamadas de Caixeiras do Divino na sua maioria mais de 50 anos e negras. Para cada ritual da festa como: Alvorada, cortejo, visitas das tribunas, levantamento de mastro, refeições, fechamento de tribuna, derrubada de mastro entre outros tem seus cantos e toques específicos.
Em outras manifestações populares sagradas no Brasil como a Congada, Moçambique entre outros é conhecido como caixa e na Folia de Reis como caixa de folia. Apenas no Maranhão esse tambor pequeno é conhecido por Caixa do Divino.
2 Texto extraído da Monografia do curso de Pós-graduação em Capacitação Docente em Música Popular Brasileira- Universidade Anhembi-Morumbi –SP de Maria Cristina Bueno “Caixeiras do Divino” do Maranhão e as “Caixeiras da Guia” de Campinas uma experiência com a tradição popular (2008).
Fonte:
www.attambur.com/recolhas/tocadores
http://caixeirasdasnascentes.blogspot.com/p/caixa-do-divino.html
https://www.onjoangoma.com/caixa-de-folia-
Fonte Imagem:
http://caixeirasdasnascentes.blogspot.com/p/caixa-do-divino.html
https://pluralesingulares.wordpress.com/tag/folia-de-reis/
http://universopopular.blogspot.com/2006/08/alfaias-e-caixas-do-divino-caixa-de.html
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