Esta dissertação aborda o modo de vida dos peões de boiadeiro na condução do gado durante sua passagem em comitivas pela Estrada Boiadeira, localizada entre o sul de Mato Grosso e o Noroeste paulista, especialmente entre os anos de 1915 a 1940. Os boiadeiros representavam parte dos trabalhadores ligados à pecuária, uma importante atividade econômica que proporcionou relações comerciais entre os estados de Mato Grosso e São Paulo. Montados em lombo de burros, esses homens atravessavam diversas paisagens em viagens que chegavam a durar meses, conduzindo grande quantidade de gado para as invernadas e frigoríficas do Estado de São Paulo. Desse modo, foram coletados relatos com antigos peões de boiadeiro e condutores que fizeram o trajeto pela Estrada Boiadeira, acompanhando histórias na tentativa de aproximar-se de seu cotidiano, de modo a considerar o significado dado pelas experiências vividas e as representações simbólicas que faziam pelas estradas. Outras fontes como letras de músicas e recortes de jornais também fizeram parte do material empírico para o presente trabalho. Assim, buscou-se descrever o universo cultural do condutor e peão de boiadeiro dentro da estrutura e cotidiano de seu trabalho, no qual se encontram as histórias de assombração, contadas nos pontos de pouso, as técnicas utilizadas no manejo do gado, as superstições, crenças e tradições que constituem sua identidade, de modo a ressaltar a experiência e os meios de sobrevivência nas comitivas de gado. Neste âmbito, a interpretação de dados proporcionou uma discussão sobre as adaptações no modo de vida desses sujeitos referente ao conhecimento adquirido nas viagens e sua influência deixada nos lugares por onde passavam. O estudo enfatiza a contribuição desses sujeitos não apenas na configuração social e econômica, mas também cultural da região do Noroeste paulista.
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