terça-feira, 26 de julho de 2022

Três obras fundamentais da moderna dramaturgia brasileira - Ariano Suassuna

  

Auto da compadecida: O "Auto da Compadecida" consegue o equilíbrio perfeito entre a tradição popular e a elaboração literária ao recriar para o teatro episódios registrados na tradição popular do cordel. É uma peça teatral em forma de Auto em 3 atos, escrita em 1955 pelo autor paraibano Ariano Suassuna. Sendo um drama do Nordeste brasileiro, mescla elementos como a tradição da literatura de cordel, a comédia, traços do barroco católico brasileiro e, ainda, cultura popular e tradições religiosas. Apresenta na escrita traços de linguagem oral [demonstrando, na fala do personagem, sua classe social] e apresenta também regionalismos relativos ao Nordeste. Esta peça projetou Suassuna em todo o país e foi considerada, em 1962, por Sábato Magaldi "o texto mais popular do moderno teatro brasileiro". 




As conchambranças de Quaderna: A peça inédita As Conchambranças de Quaderna, de 1987, marcou o retorno de Ariano Suassuna à escrita teatral, após um afastamento de mais de 25 anos. “Conchambrança” é uma corruptela de “conchamblança”, que significa conchavo, combinação. Foi na forma de “conchambrança” que Suassuna ouviu a palavra pela primeira vez, no sertão da Paraíba. Forma que se ajusta perfeitamente ao universo da peça, uma vez que o protagonista, Dom Pedro Dinis Quaderna, traz a público algumas de suas lembranças, contando-nos três imbróglios de que tomou parte e nos quais teve de fazer uma série de conchavos para resolver as situações a contento, tirando proveito de tudo e de todos. Cada um dos três atos, portanto, funciona como uma peça independente, e é Quaderna quem costura os episódios, proporcionando a unidade do espetáculo. 



A Pena e a Lei: Em A Pena e a Lei, Ariano Suassuna se mostra mais do que nunca um crítico severo das instituições que transformaram o “Brasil oficial” no país das elites, em detrimento do povo pobre do “Brasil real”. A peça, baseada na tradição popular nordestina dos cordéis e teatro de bonecos, vai do profano ao sagrado, do trágico ao cômico, misturando temas e linguagens na medida certa. Como boa farsa, expõe verdades dolorosas incitando o riso, ao passo que estimula a reflexão sobre a imperfeita justiça dos homens frente à infalível justiça divina.



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