sexta-feira, 29 de julho de 2022

Se ouvir algum zunido no quintal de sua casa, pode ser Saci

  

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

O saci, também conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê, matita perê, saci-saçurá e saci-trique tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro.

A figura do saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.

Etimologia

Três termos são importantes: "saci" é oriundo do termo tupi "sa'si". "Matimpererê" é oriundo do termo tupi "matintape're"[6]. O termo "pererê" é oriundo do termo tupi "pererek-a", que significa "ir aos saltos".


Representação

O saci é um negro jovem de uma perna só, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos. Sobre este último caractere, é de notar-se que, já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satíricon, cujo píleo também conferia poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.

Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas. Lhe é atribuída também a capacidade de ser carregado por redemoinhos.

Selo brasileiro de 1974 com a representação do Saci 

O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.


Influências históricas



Indígena

As entidades protetoras da floresta Jaci Jaterê da cosmololgia guarani e o Kambaí da cosmologia caingangue são possíveis influências na concepção do Saci.


Africana

Uma lenda iorubá descreve Aroni, um gnomo de uma perna só que ensina a Oçânhim sobre o uso de ervas medicinais pode ter influenciado a concepção do Saci. Outros relatam Oçânhim e Anoni como a mesma entidade.


Portuguesa

Da mitologia portuguesa, o saci herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo. Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.

De Portugal para o Brasil veio a crença da explicação sobrenatural sobre redemoinhos, de que seriam guiados por uma "coisa ruim" e que poderiam arremessar pessoas. Foi documentada essa crença no Brasil, paralelamente a crença da ligação entre o Saci e redemoinhos.

"Retrato do Saci-pererê" (2007) por J. Marconi

Dia do Saci

Saci-pererê, pintura em nanquim por Monteiro Lobato, do livro "O Saci-Pererê: Resultado de um Inquérito" de 1918

Em 2005, foi instituído o Dia do Saci no Estado de São Paulo, a data também é celebrado em Vitória (Espírito Santo)Poços de Caldas e Uberaba (Minas Gerais); Fortaleza e Independência (Ceará) comemorado no dia 31 de outubro, a fim de restaurar as figuras do folclore brasileiro, em contraposição a influências folclóricas estrangeiras, como o Dia das Bruxas.

"Saci evita entrar na água", de Renato Bender





Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/
Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

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