"Criança que não desenha
passa a infância em branco", esse era o lema do artista plástico Daniel
Azulay, que morreu na sexta-feira, 27, na Clínica São Vicente, na Gávea, zona
sul do Rio de Janeiro, onde estava internado há duas semanas. O desenhista e
educador, de 72 anos, lutava contra uma leucemia e contraiu o novo coronavírus,
o que acabou agravando o quadro do paciente, segundo familiares em publicação
em uma rede social.
O artista nasceu em 30 de maio de
1947 e deixou um legado para diferentes gerações. Entre as crianças, a criação
de Daniel Azulay que fez mais sucesso foi "A Turma do Lambe-Lambe".
Criado em 1975, o programa ficou no ar durante 10 anos, primeiro na antiga TV
Educativa (TVE) e depois na Rede Bandeirantes, sempre apresentada por Daniel
Azulay, que mostrou o mundo do desenho e da arte para milhares de crianças em
todo o Brasil.
A volta à televisão ocorreu em 1996 com o programa Oficina de Desenho Daniel Azulay na TV Bandeirantes, que tinha vários quadros com a "Turma do Lambe-Lambe" e introduziu também o personagem Azulinho, uma versão da Emília, de Monteiro Lobato, de Daniel Azulay.
Entre 2003 e 2004 foi ao ar no Canal Futura o programa Azuela do Azulay, que contou com algumas aparições dos personagens. Entre 2006 e 2007 foi lançada uma série de minicurtas em animação para a TV Rá-Tim-Bum.
Bacharel em Direito, Azulay marcou uma geração com sua arte. Ele
incentivou a leitura de crianças desde o início de sua carreira produzindo
livros, quadrinhos, álbuns de figurinhas e outras publicações voltadas para o
público infantil e juvenil.
"Daniel Azulay, pelo menos comigo, foi quem mostrou que desenhar podia ser algo realmente simples. Com seu jeito lúdico e engraçado, aproximava as crianças da arte, mostrando, acima de tudo, que o ato de desenhar estava ao alcance de todos", diz o ilustrador e cartunista Walmir Orlandeli, de Rio Preto. O cartunista conta que conheceu Azulay ao vivo em 2018, quando recebeu o Troféu HQMix pelo Chico Bento Arvorada. "Na ocasião ele recebeu o prêmio como 'grande mestre dos quadrinhos'. Não chegamos a conversar, mas foi bem bacana ver ele de perto e perceber em seu discurso toda empolgação, agradecimento e amor que tinha pela arte e pelos quadrinhos. Exatamente a imagem que tinha na época que o assistia na TV", conta.
Ilustrador, chargista e caricaturista Lézio Júnior, de Rio
Preto, Daniel Azulay influenciou uma geração toda, inclusive a dele. "Eu
lembro dos programas que ele tinha na TV Educativa e na Band. Eu acompanhava a
Turma do Lambe-Lambe e também me inspirava nos programas em que ele fazia
montagens, pinturas e recortes. Me ajudou nesse processo artístico, foi muito
bacana. É uma parte da minha infância que está indo embora", afirma.
Nas redes sociais, diversos
colegas de profissão fizeram homenagens ao artista com várias caricaturas,
entre eles, Maurício de Sousa, criador da Turma da Mônica que escreveu:
"Aqui a homenagem de todos do nosso estúdio ao querido Daniel Azulay que
nos deixou nesta semana. Vai fazer muita falta sua Turma do Lambe-Lambe, seu
sorriso permanente, seu carinho nas aulas de desenho para a criançada, sua
bondade. Vai com Deus, Daniel."
O artista também se dedicou à arte contemporânea
De 1982 até 1984 foi publicada a revista da "Turma do Lambe-Lambe" pela Editora Abril, que teve 20 edições. Em 2015, a Ediouro lançou o Almanaque da "Turma do Lambe-Lambe", em comemoração aos 40 anos da franquia.
Azulay influenciou a geração dos anos 80, que aprendeu com ele a desenhar, construir brinquedos com sucata doméstica e a importância da reciclagem e sustentabilidade em defesa do meio ambiente. Recentemente, viajava pelo mundo expondo, fazendo palestras e conduzindo workshops de arte, educação e responsabilidade social.
Daniel Azulay ficou famoso na
década de 1980 por ensinar as crianças a desenharem em um programa de televisão
Texto extraído de: https://www.diariodaregiao.com.br/cultura/artesvisuais/daniel-azulay-e-a-arte-de-desenhar-1.846056
Fonte Imagem: https://www.diariodaregiao.com.br/cultura/artesvisuais/daniel-azulay-e-a-arte-de-desenhar-1.846056






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