domingo, 31 de julho de 2022

Doces Santos - devoções a Cosme e Damião

  


Nossa Senhora dos Navegantes pelos Viajantes da Câmera

  


Para acessar o livro completo: 

Dossiê Festa do Bonfim - IPHAN

  

Para acessar o livro completo: 

Cheganças e Marujadas: De uma travessia imaginária a um porto seguro

  


O objetivo deste trabalho é apresentar a Chegança dos Marujos Fragata Brasileira como um grupo da cultura tradicional que oferece elementos que colaboram com a formação da identidade da comunidade de Saubara, por ser constituído das memórias coletivas e individuais das pessoas desse lugar, por fazer referências históricas de como essa Saubara foi importante para Independência da Bahia, demonstrar como a prática milenar da oralidade, o “boca a ouvido”, tem sido um dos principais veículos na preservação dessa manifestação e discutir como a política de patrimonialização, que reconhece as Cheganças e Marujadas como patrimônio imaterial pode colaborar para a sua preservação, sem transferir para o Estado a responsabilidade orgânica de preservação que pertence aos seus fazedores. Busco ainda evidenciar a música como elemento de memória, dando a ela o status de elo que dá unidade para os pilares trabalhados. Trazer um novo olhar acerca da religiosidade também constitui esse trabalho, uma vez que todas as retóricas antes existentes apontavam para a fé sob a perspectiva do colonizador.

Para acessar a dissertação na íntegra: 

Festa, patrimônio vivo: reflexões sobre educação na feitura de tapetes do Corpus Christi

 

Esse artigo apresenta os resultados de uma pesquisa que buscou compreender processos educativos presentes na feitura dos tapetes de serragens da festa de Corpus Christi, em Sabará, Minas Gerais. Pautou-se na suposição de que os processos educativos se fazem presentes nas situações de relações intergeracionais ocorridas durante e no período anterior a referida festa. Além da observação participante de dois trechos ornamentados, foram realizados registros fotográficos, notas em diários de campo, numa perspectiva etnográfica, e entrevistas semiestruturadas com moradoras que ainda perpetuam essa tradição junto a jovens participantes do processo de feitura dos tapetes. Produziu-se, em diálogo com conhecimentos oriundos de abordagens socioantropológica, histórica, patrimonial e educativa da festa, análises sobre as interações e sociabilidade intergeracionais, estabelecidas entre os participantes durante a feitura dos adornos, e transmissão de saberes, fazeres, valores e sensibilidades, conferindo-lhes significação de um patrimônio cultural imaterial e reforçando valores identitários e ligações de pertencimento.



Fonte Imagem: https://arquidiocesebh.org.br/noticias/sabara-fe-e-tradicao-na-celebracao-de-corpus-christi/


Corpo, Cultura e Sincretismo: O Ritual da Congada

 


O trabalho tem como objetivo descrever e analisar a Congada como um elemento sincrético que possibilita a relação do corpo – construção social – com o sagrado e o profano. Para tanto se desenvolveu uma etnografia, tendo-se como caso estudado a Congada Irmandade de Nossa Senhora do Rosário. Os resultados apontam que há nesta manifestação um sistema ritual que se constitui com base em elementos transcendentais, sendo a maneira encontrada pelo grupo para estabelecer a relação com o sagrado, representando sua identidade cultural afrodescendente em um contexto sociocultural moderno, como é o caso de Brasília.

Para acessar o artigo na íntegra: https://revistas.ufg.br/fef/article/view/18012/10740

Notas sobre Sincretismo Religioso: um estudo sobre aspectos culturais e religiosos afro-brasileiros

 


Para acessar o trabalho de conclusão de curso completo: 


Fonte Imagem: https://blog.enem.com.br/sincretismos-religiosos-na-historia-do-brasil/

Maria e Iemanjá: duas faces - um arquétipo

 


A  religiosidade  brasileira  apresenta  características  sincréticas,  que  envolvem  o  catolicismo romano,  o  candomblé  e  os  mitos indígenas.  Este  artigo  trata  do  sincretismo  entre  Maria  e Iemanjá  confrontadas  como  símbolos,  dada  a  impossibilidade  de  correspondência  teológica entre elas. A análise simbólica foi feita a partir da teoria de Carl GustavJung.

Para acessar o artigo na íntegra: https://revistas.pucsp.br/index.php/ultimoandar/article/view/37240/25387


Fonte Imagem: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/qual-a-ligacao-entre-os-santos-catolicos-e-os-orixas/


O sincretismo religioso do Candomblé e a Igreja Católica no Brasil

  Tempo de Umbanda Maria Conga, Iemanjá e Cabocla Jurema

 Falar sobre religião é um assunto que muitas vezes gera polêmica, afinal todos defendem a sua como sendo a única verdadeira. No entanto, no Brasil, as manifestações religiosas, sofreram modificações em sua base devido às influências culturais a que foram confrontadas, especificamente a Igreja Católica, que foi a primeira religião que chegou às terras brasileiras. O primeiro contato foi com os índios, dos quais absorvidos alguns aspectos culturais, pois não seria possível convertê-los sem conhecer sua formação cultural. Por causa disso, algumas práticas foram adotadas. Contudo, damos ênfase a chegada dos negros. Foi a partir deles que surgiram expressões religiosas mais fortes, pelos cultos que esses trouxeram, fazendo nascer no país os cultos afro-brasileiros, que deram origem às religiões que temos até hoje, a exemplo do Candomblé, um dos objetos de estudo desta pesquisa. E o sincretismo religioso do Candomblé com a Igreja Católica nasce dessa repressão, ou seja, da proibição dos negros em cultuar sua fé a suas entidades. Assim, o objetivo principal deste trabalho é compreender como se configura o sincretismo religioso entre o Candomblé e a igreja católica. Esta pesquisa é bibliográfica, e os dados foram levantados a partir de artigos, teses e matérias disponíveis em sites que abordam a temática.



"Santo não é Orixá": um estudo do discurso antissincretismo em integrantes de religiões de matriz africana

  


Para acessar a dissertação completa: 

sexta-feira, 29 de julho de 2022

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Flor de Cheiro (1982) - Nando Cordel

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Pantanal Volume 02 (1990)


01 - Maria Bethânia - Tocando em frente 
02 - João Caetano - Meu coração 
03 - Silvia Patrícia e Caetano Veloso - Cantar 
04 - Marcus Viana - Reino das águas 
05 - Almir Sater - Chalana 
06 - Sagrado Coração Da Terra - Pantanal 
07 - Renato Teixeira - Saudade 
08 - Sagrado Coração Da Terra - A glória das manhãs 
09 - Claudio Nucci - Garça branca 
10 - Sagrado Coração Da Terra - Paz 
11 - Sérgio Reis - Peão boiadeiro 
12 - Marcus Viana - Espírito da terra 
13 - Marcus Viana - Noite

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Pantanal Volume 01 (1990)


01. No Mundo dos Sonhos (Pepperland) – Robertinho do Recife 
02. Quem Saberia Perder – Ivan Lins ft. Sá & Guarabira 
03. Apaixonada – Simone
04. Divinamente Nua, a Lua – Orlando Morais (Removida por Restrições de Propriedade)
05. Amor Selvagem – Marcus Viana
06. Estrela Natureza – Sá & Guarabira
07. Pantanal – Grupo Sagrado Coração da Terra
08. Memória da Pele – João Bosco
09. Castigo – Leo Gandelman
10. Um Violeiro Toca – Almir Sater
11. Triste Berrante – Solange Maria e Adauto Santos
12. Comitiva da Esperança – Sérgio Reis


A lenda da Mãe d'Água e Yara no imaginário da arte popular

 

O objetivo deste trabalho é analisar as semelhanças entre a lenda da “Mãe d’Água” e da “Yara” através da arte, ambas sendo, versões africanas e europeias. Este é um mito baseado no modelo de sereias dos contos gregos, difundido entre indígenas brasileiros no século XVIII. Para alguns, são intituladas, como: deusas das águas, protetora dos navegantes e da pesca; meio peixe, meio mulher. A lenda da “Mãe d’Água” possui proximidades em alguns pontos, e afastam-se em outros da “Yara”. Tais analogias mostram-nos que os contos populares brasileiros são carregados de diversas influências culturais, perpassando no tempo e espaço.


Imaginário popular e Geografia do Brasil

  

Ainda está para ser realizada pesquisa em âmbito acadêmico que investigue a contribuição de Luis da Câmara Cascudo ao estudo de Geografia no Brasil. Neste artigo limitar-meei a algumas notas e observações a partir da leitura de Geografia dos Mitos Brasileiros, livro extraordinário publicado em 1948, cuja originalidade deve ser posta em destaque por ter estabelecido as

conexões entre o fabulário popular e os espaços geográficos do país. Destarte, o grande escritor e infatigável pesquisador potiguar sempre enfatizou que a coordenada geográfica era fundamental em sua reflexão sobre o Brasil nos 150 livros que escreveu, justificando com isso o motivo de nunca ter deixado a cidade de Natal para ir morar alhures, embora não Ihe tivessem faltado convites sedutores.



O Pensamento Dialético de Luís da Câmara Cascudo e os 60 anos do Dicionário do Folclore Brasileiro

 

Este trabalho apresenta uma análise sobre a obra do importante pensador brasileiro Luís da Câmara Cascudo. Destaca, em especial, os 60 anos da publicação do seu Dicionário do Folclore Brasileiro.

Para acessar o artigo na íntegra: https://ojs.sites.ufsc.br/index.php/rebela/article/view/2606


Candomblé e Umbanda - Caminhos da devoção Brasileira

 


Este livro procura fornecer ao leitor uma visão histórica do desenvolvimento das mais conhecidas vertentes das religiões afro-brasileiras. Indicando suas fontes com base no universo social e religioso do Brasil colonial, o autor se estende na análise das relações sociais, políticas e econômicas que se estabeleceram entre negros, índios e brancos e que redundaram no desenvolvimento dessas religiões. Um livro de leitura fácil dirigido ao grande público interessado no assunto.

Se escutar um canto à tarde e ficar hipnotizado, é a Iara

 

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Cronistas dos séculos XVI e XVII registraram que, no princípio, o personagem era masculino e chamava-se Ipupiara, homem-peixe que devorava pescadores e os levava para o fundo do rio. No século XVIII, Ipupiara vira a sedutora sereia Uiara ou Iara. Pescadores de toda parte do Brasil, de água doce ou salgada, contam histórias de moços que cederam aos encantos da bela Iara e terminaram afogados de paixão. Ela deixa sua casa no leito das águas no fim da tarde. Surge sedutora à flor das águas: metade mulher, metade peixe, cabelos longos enfeitados de flores vermelhas. Por vezes, ela assume a forma humana e sai em busca de vítimas.[4]

 

Referências:
 Portal do Planalto (10 de agosto de 2011). «Espelho d'água». Palácio do Planalto. Consultado em 8 de junho de 2016
 «Protetora das águas». TV Brasil. Consultado em 8 de junho de 2016
 BRANDAO, Toni. A Iara. Studio Nobel, 1998. pp. 16. ISBN 8585445688
 IaraSite Arte e Educação Arquivado em 15 de agosto de 2011, no Wayback Machine.
«A Iara - Olavo Bilac». Portal São Francisco. Consultado em 8 de junho de 2016


Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/
Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Quem maltrata a natureza desperta toda a ira do Curupira

 

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

O Curupira é caracterizado como uma entidade das matas que se manifesta na forma de um menino de cabelos compridos e vermelhos cuja característica principal são os pés virados para trás.[1]


Etimologia

Os termos "curupiral" e "curupira" procedem do tupi kuru'pir, que significa "o coberto de pústulas"[2]. Segundo o folclorista ítalo-brasileiro Ermanno Stradelli, procedem de curu, contração de corumi, "menino", e pira, "corpo", significando, então, "corpo de menino". Já segundo Eduardo Navarro, especialista em tupi antigo, o termo se origina da contração entre kuruba, "sarna" ou "verruga", e pira, "pele", significando, portanto, "pele de sarna" ou "pele de verrugas".[3]


História

Um dos mais populares e espantosos entes fantásticos das matas brasileiras, o curupira é um anão de cabeleira ruiva, pés ao inverso, calcanhares para a frente. A mais antiga menção de seu nome é de José de Anchieta, em São Vicente, em 30 de maio de 1560:

É cousa sabida e pela bôca de todos corre que ha certos demonios, a que os Brasis chamam corupira, que acometem aos Indios muitas vezes no mato, dão-lhes de açoites, machucam-os e matam-os. São testemunhas disto os nossos Irmãos, que viram algumas vezes os mortos por eles. Por isso, costumam os Indios deixar em certo caminho, que por asperas brenhas vai ter ao interior das terras, no cume da mais alta montanha, quando por cá passam, penas de aves, abanadores, flechas e outras cousas semelhantes como uma especie de oblação, rogando fervorosamente aos curupiras que não lhes façam mal.[4]

Demônio da floresta, explicador dos rumores misteriosos, do desaparecimento de caçadores, do esquecimento de caminhos, de pavores súbitos, inexplicáveis, foi lentamente o Curupira recebendo atributos e formas físicas que pertenciam a outros entes ameaçadores e perdidos na antiguidade clássica. Sempre com os pés voltados para trás e de prodigiosa força física, engana caçadores e viajantes, fazendo-os perder o rumo certo, transviando-os dentro da floresta, com assobios e sinais falsos.

Do Maranhão para o sul até o Espírito Santo, seu apelido constante é Caipora. Eduardo Galvão informa: "Curupira é um gênio da floresta. Na cidade ou nas capoeiras de sua vizinhança imediata não existem currupiras. Habitam mais para longe, muito dentro da mata. A gente da cidade acredita em sua existência, mas ela não é motivo de preocupação porque os currupiras não gostam de locais muito habitados."

"Gostam imensamente de fumo e de pinga. Seringueiros e roceiros deixam esses presentes nas trilhas que atravessam, de modo a agradá-los ou pelo menos distraí-los. Na mata, os gritos longos e estridentes dos Currupiras são muitas vezes ouvidos pelo caboclo. Também imitam a voz humana, num grito de chamada, para atrair vítimas. O inocente que ouve os gritos e não se apercebe que é um Currupira e dele se aproxima perde inteiramente a noção de rumo."

O estado de São Paulo, pela lei de 11 de setembro de 1970, assinada pelo governador Roberto Costa de Abreu Sodré, "institui o Curupira como símbolo estadual do guardião das florestas e dos animais que nela vivem." No município de Olímpia, nesse estado, por mais trinta anos consecutivos, não são assinados quaisquer documentos oficiais durante a semana em que ocorre o Festival de Folclore, no mês de agosto, período em que a autoridade municipal é representada pelo Curupira, que exerce seu poder protegendo a população local e os visitantes que ali comparecem, pássaros, matas, etc. No Horto Florestal da capital paulista há um monumento ao Curupira, inaugurado no Dia da Árvore21 de setembro.


Referências:
Instituto Butantan. «Conheça a história do curupira, o defensor das árvores e dos animais». Consultado em 30 de Junho de 2022
FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 513.
NAVARRO, Eduardo de Almeida. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 245
«Caderno nº 7, CARTA DE SÃO VICENTE, 1560» (PDF). São Paulo: Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Série Cadernos da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica: 32. Primavera 1997. Consultado em 9 de fevereiro de 2021
CASCUDO, Luís da CâmaraDicionário do Folclore Brasileiro. 9º edição. São Paulo, Global, 2000.


Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/
Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Se ouvir algum zunido no quintal de sua casa, pode ser Saci

  

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

O saci, também conhecido como saci-pererê, saci-cererê, matimpererê, matita perê, saci-saçurá e saci-trique tem sua origem presumida entre os indígenas da Região das Missões, no Sul do país, de onde teria se espalhado por todo o território brasileiro.

A figura do saci surge como um ser maléfico, como somente brincalhão ou como gracioso, conforme as versões comuns ao sul.

Etimologia

Três termos são importantes: "saci" é oriundo do termo tupi "sa'si". "Matimpererê" é oriundo do termo tupi "matintape're"[6]. O termo "pererê" é oriundo do termo tupi "pererek-a", que significa "ir aos saltos".


Representação

O saci é um negro jovem de uma perna só, portador de uma carapuça sobre a cabeça que lhe concede poderes mágicos. Sobre este último caractere, é de notar-se que, já na mitologia romana, registrava Petrônio, no Satíricon, cujo píleo também conferia poderes ao íncubo e recompensas a quem o capturasse.

Considerado uma figura brincalhona, que se diverte com os animais e pessoas, fazendo pequenas travessuras que criam dificuldades domésticas, ou assustando viajantes noturnos com seus assovios – bastante agudos e impossíveis de serem localizados. Assim é que faz tranças nos cabelos dos animais, depois de deixá-los cansados com correrias; atrapalha o trabalho das cozinheiras, fazendo-as queimar as comidas, ou ainda, colocando sal nos recipientes de açúcar ou vice-versa; ou aos viajantes se perderem nas estradas. Lhe é atribuída também a capacidade de ser carregado por redemoinhos.

Selo brasileiro de 1974 com a representação do Saci 

O mito existe pelo menos desde o fim do século XVIII ou começo do XIX.


Influências históricas



Indígena

As entidades protetoras da floresta Jaci Jaterê da cosmololgia guarani e o Kambaí da cosmologia caingangue são possíveis influências na concepção do Saci.


Africana

Uma lenda iorubá descreve Aroni, um gnomo de uma perna só que ensina a Oçânhim sobre o uso de ervas medicinais pode ter influenciado a concepção do Saci. Outros relatam Oçânhim e Anoni como a mesma entidade.


Portuguesa

Da mitologia portuguesa, o saci herdou o píleo, um gorrinho vermelho usado pelo lendário trasgo. Trasgo é um ser encantado do folclore do norte de Portugal, especialmente da região de Trás-os-Montes. Rebeldes, de pequena estatura, os trasgos usam gorros vermelhos e possuem poderes sobrenaturais.

De Portugal para o Brasil veio a crença da explicação sobrenatural sobre redemoinhos, de que seriam guiados por uma "coisa ruim" e que poderiam arremessar pessoas. Foi documentada essa crença no Brasil, paralelamente a crença da ligação entre o Saci e redemoinhos.

"Retrato do Saci-pererê" (2007) por J. Marconi

Dia do Saci

Saci-pererê, pintura em nanquim por Monteiro Lobato, do livro "O Saci-Pererê: Resultado de um Inquérito" de 1918

Em 2005, foi instituído o Dia do Saci no Estado de São Paulo, a data também é celebrado em Vitória (Espírito Santo)Poços de Caldas e Uberaba (Minas Gerais); Fortaleza e Independência (Ceará) comemorado no dia 31 de outubro, a fim de restaurar as figuras do folclore brasileiro, em contraposição a influências folclóricas estrangeiras, como o Dia das Bruxas.

"Saci evita entrar na água", de Renato Bender





Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/
Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Boitatá - Assombrando rios e matas com seus olhos de gigante

 

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Boitatá é um termo tupi-guarani, usado para designar, em todo o Brasil, o fenômeno do fogo-fátuo, e deste derivando algumas entidades míticas,[1] das primeiras registradas no país.[2]


Etimologia e variantes nominais

O termo mais difundido é boitatá. O termo é a junção das palavras tupis boi e tatá, significando cobra e fogo, respectivamente, ou ainda de mboi — a coisa ou o agente. Significa, assim, cobra de fogo, fogo da cobra, em forma de cobra ou coisa de fogo.[2]

Sobre a etimologia, escreveu Couto de Magalhães que "como a palavra o diz, boitatá é cobra-de-fogo'" (in: O Selvagem, Rio de Janeiro, 1876 [2]).

No Sul, é chamado de baitatá ou batatá e até mesmo de boitatá. Na Bahia, aparece como biatatá. Em Minas Gerais chamam-no de bata. No Nordeste, é comum o termo batatão. Nos estados de Sergipe e Alagoas, recebem os nomes de Jean de la foice ou Jean Delafosse.[2]


Primeiros registros

Em 1560 registrou o Padre José de Anchieta:

"Há também outros (fantasmas), máxime nas praias, que vivem a maior parte do tempo junto do mar e dos rios, e são chamados baetatá, que quer dizer coisa de fogo, o que é o mesmo como se se dissesse o que é todo de fogo. Não se vê outra coisa senão um facho cintilante correndo para ali; acomete rapidamente os índios e mata-os, como os curupiras; o que seja isto, ainda não se sabe com certeza." (in: Cartas, Informações, Framentos Históricos, etc. do Padre José de Anchieta, Rio de Janeiro, 1933[2])

O Boitatá é uma gigantesca cobra-de-fogo que protege os campos contra aqueles que o incendeiam. Vive nas águas e pode se transformar também numa tora em brasa, queimando aqueles que põem fogo nas matas e florestas.

A origem deste mito está ligada a um fenômeno chamado fogo-fátuo. A decomposição de matéria orgânica, seja de vegetação ou animais mortos, libera gases que inflamam-se espontaneamente em contato com ar. Correntes de ar causadas pela passagem de uma pessoa nas proximidades podem deslocar as chamas fazendo com que pareçam uma cobra de fogo que a persegue.

Na obra Lendas do Sul, de João Simões Lopes Neto, há um conto com esse nome que descreve bem a lenda. A ideia era de uma luz que se movimentava no espaço, daí "veio a imagem da marcha ondulada da serpente". Foi essa imagem que se consagrou na imaginação popular. Descreve-se o Boitatá como uma serpente com olhos como dois faróis, couro transparente, que cintila nas noites em que aparece deslizando nas campinas, nas beiras dos rios. Em Santa Catarina, a figura aparece como um touro de "pata como a dos gigantes e com um enorme olho bem no meio da testa, a brilhar que nem um tição de fogo".

No Rio Grande do Sul, narra-se a lenda de que houve um período de noite sem fim nas matas. Além da escuridão, houve uma enorme enchente causada por chuvas torrenciais. Assustados, os animais correram para um ponto mais elevado a fim de se protegerem. A boiguaçu, uma cobra que vivia numa gruta escura, acordou com a inundação e, faminta, decidiu sair em busca de alimento, com a vantagem de ser o único bicho acostumado a enxergar na escuridão. Decidiu comer a parte que mais lhe apetecia: os olhos dos animais. De tanto comê-los, foi ficando toda luminosa, cheia de luz de todos esses olhos. Seu corpo transformou-se em ajuntadas pupilas rutilantes, bola de chamas, clarão vivo, boitatá, cobra de fogo. Ao mesmo tempo a alimentação farta deixou a boiguaçu muito fraca. Ela morreu e reapareceu nas matas serpenteando luminosa. Quem encontra esse ser fantástico nas campinas pode ficar cego, morrer e até enlouquecer. Assim, para evitar o desastre, os homens acreditam que têm que ficar parados, sem respirar, e de olhos bem fechados. A tentativa de escapar da cobra apresenta riscos porque o ente pode imaginar fuga de alguém que ateou fogo nas matas. No Rio Grande do Sul, acredita-se que o "boitatá" é o protetor das matas e das campinas. A verdade é que a ideia de uma cobra luminosa, protetora de campinas e dos campos aparece frequentemente na literatura, sobretudo nas narrativas do Rio Grande do Sul.

Ainda hoje, essa lenda folclórica impressiona adultos e crianças, sendo citada, inclusive, como personagem de destaque em várias obras contemporâneas como, por exemplo, “Quem tem medo do Boitatá?”[3], de Manuel Filho, lançada em 2007. Nesta história infanto-juvenil, o avô do protagonista, Sandrinho, é cego pelo próprio Boitatá. A serpente também é relembrada na história de José Santos, “O casamento do Boitatá com a Mula-sem-cabeça”,[4] onde o autor descreve de forma lúdica a união de vários seres de nosso folclore. O mito, em sua versão sincrética, aparece ainda no livro "A lenda do Batatão"[5], de Marco Haurélio, escrito em sextilhas de cordel. O Batatão, embora conserve sua característica ígnea, se aproxima das almas penadas. Nas referidas obras, assim como em muitas outras, o ser fantástico é citado como “o Boitatá”, mas é possível encontrar citações como “a Boitatá” tal como ocorre na obra recente de Alexandra Pericão, "Uaná, um curumim entre muitas lendas",[6] em que a serpente, também comedora de olhos, é descrita de um jeito bem contemporâneo, com citações divertidas, como “Mas ninguém, até hoje, e isso é o mais espantoso de tudo, conseguiu colocar uma foto sua na internet. Apesar do tamanho gigante, a serpente é tão discreta, que só conseguem vê-la aqueles que ela mesmo captura”. Também João Simões Lopes Neto, em obra supramencionada, refere-se ao ser no feminino, valendo citar o trecho: “Foi assim e foi por isso que os homens, quando pela primeira vez viram a boiguaçu tão demudada, não a conheceram mais. Não conheceram e julgando que era outra, muito outra, chamam-na desde então, de boitatá, cobra do fogo, boitatá, a boitatá!”.


Referências:
FERREIRA, Aurélio Buarque de Hollanda. Dicionário Aurélio
Ir para:a b c d e CASCUDO, CâmaraDicionário do Folclore Brasileiro
Filho, Manuel. Quem tem medo do Boitatá?. Editora Escala, 2007, 1ª ed.
Santos, José. O casamento do Boitatá com a Mula-sem-cabeça. Companhia Editora Nacional, 2007, 1ª ed.
Haurélio, Marco. A lenda do Batatão. SESI-SP Editora, 2012, 1ª ed.
Pericão, Alexandra. Uaná, um curumim entre muitas lendas. Editora do Brasil, 2011, 1ª ed.

Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/

Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Deve ser coisa do Boto, que na água desaparece

  

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

A lenda do boto é uma lenda da Região Norte do Brasil, geralmente contada para justificar a gravidez de uma mulher solteira.

Os botos são carnívoros cetáceos que vivem nos rios amazônicos. Dizem que, durante as festas juninas, o boto rosado aparece transformado em um rapaz elegantemente vestido de branco e sempre com um chapéu para cobrir a grande narina que não desaparece do topo de sua cabeça com a transformação. Esse rapaz seduz as moças desacompanhadas, levando-as para o fundo do rio e, em alguns casos, as engravidando. Por essa razão, quando um rapaz desconhecido aparece em uma festa usando chapéu, pede-se que ele o tire para garantir que não seja um boto. Daí deriva o costume de dizer, quando uma mulher tem um filho de um pai desconhecido, que ele é "filho do boto".


Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/

Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

Mapinguari, o verdadeiro rei da mata

  

BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.

O mapinguari (ou mapinguary) é uma criatura lendária (criptídeo) descrito como sendo coberta de um longo pelo vermelho, e vivendo na floresta amazônica do Brasil e Bolívia.

Os cientistas ainda desconhecem essa criatura. Uma hipótese que explicaria a existência do Mapinguari, sugerida pelo paleontólogo argentino Florentino Ameghino no fim do século XIX, seria o fato da sobrevivência de algumas preguiças gigantes (Pleistoceno, 12 mil anos atrás) no interior da floresta amazônica.

Entre muitos, o ornitólogo David Oren chegou a empreender expedições em busca de provas da existência real da criatura. Não obteve nenhum resultado conclusivo. Pelos recolhidos mostraram ser de uma cutia, amostras de fezes de um tamanduá e moldes de pegadas não serviriam muito, já que, como declarou, “podem ser facilmente forjadas”. O mapinguari seria semelhante ao pé-grande.[1]


Referências
«Cientistas tentam encontrar "monstro da Amazônia"». Terra Notícias - The New York Times. 2007. Cópia arquivada em 9 de julho de 2019

Bibliografia
Martin, Paul S. 2007. Twilight of the Mammoths: Ice Age Extinctions and the Rewilding of America. University of California PressISBN 9780520252431
Oren, David C. "Does the Endangered Xenarthran Fauna of Amazonia Include Remnant Ground Sloths?," Edentata (2001) p. 2-5
Rohter, Larry (8 de julho de 2007). «A Huge Amazon Monster Is Only a Myth. Or Is It?»The New York Times. Consultado em 30 de dezembro de 2009
Shepard, G. H. 2002. "Primates and the Matsigenka" in Agustín Fuentes & Linda D. Wolfe. Primates Face to Face: The Conservation Implications of Human-nonhuman Primate Interconnections. Cambridge University PressISBN 9781139441476
Velden, Felipe Ferreira Vander. (2009) Sobre cães e índios: domesticidade, classificação zoológica e relação humano-animal entre os Karitiana, Avá Revista de Antropología. n. 15, p. 125-143.
Velden, Felipe Ferreira Vander (2016). «Realidade, ciência e fantasia nas controvérsias sobre o Mapinguari no sudoeste amazônico». Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas. 11 (1): 209–224. ISSN 1981-8122doi:10.1590/1981.81222016000100011


Texto extraído de: https://pt.wikipedia.org/

Fonte Imagem: BAG, Mario. Mitos e Lendas do Folclore do Brasil. 1. ed. São Paulo: Paulinas, 2013.