sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Olavo Romano, o eterno contador dos Casos de Minas

Nesta semana fui arrebatado pela memória das coisas da terra e das pessoas. Este rio sempre navegou em mim, contudo inexplicavelmente de tempos em tempos ele transborda, invadindo as margens e inundando todo o sentimento...

Na ribeira deste rio, penso nas pessoas, aos meus que navegaram rio-abaixo e que um dia encontraremos em uma grande festa no ponto de encontro rio-mar...

É onde cultura, pessoas e lugares se encontram. Na parede da memória guardo um livro que acompanhou minha vida. Conhecido em menino, Minas e seus Casos de Olavo Romano me encantou, me deixou hipnotizado. 

Alguns anos depois, num mundo onde a internet ainda não era nem sonho, até hoje não sei como, consegui o contato por telefone com uma livraria e finalmente adquiri outro livro fantástico: Casos de Minas, lançado pela editora Paz e Terra. A capa de uma velha casa de fazenda me transportava para minha casa. Fotografia impactante que também assombrou Drummond. Minas Gerais tem dessas coisas...  Década mágica de 1980 que trazia nestes livros o cheiro de Minas.

Muitos anos depois, tive a honra de participar do Projeto Sempre um Papo em Juiz de Fora ao lado do Olavo Romano. Emoção grande para aquele rapaz que ainda garoto viajava nas capas daqueles livros. Com o Grupo Amalé, cantamos Ribeirão Encheu, uma Folia de Reis da região de Porteirinha, abrindo as porteiras, portas e janelas das pessoas de Minas. Honra minha de estar ao lado do Olavo e do Seu Antônio Macário, cantador e contador das coisas da vida...

Muitos anos se passaram e com espanto encontrei uma nova edição do Casos de Minas pela Paz e Terra. Mas faltava alguma coisa. A alma daquela casa velha não estava lá.

Agora, em Belo Horizonte neste mês de janeiro de 2024 não acreditei ao ver o relançamento do Casos de Minas, edição comemorativa de seus 40 anos (1982-2022), pois lá estava ela: a velha casa da fazenda servindo de abrigo para a nossa cultura tão desrespeitada e tão importante para nós. A companhia Caravana encarou a empreitada. Ao ver a velha casa fiquei estático e sorrindo, quieto. Era o reencontro de quem nunca realmente partiu... Mas nesta semana, juntamente com as chuvas de janeiro, este rio transbordou, me  enchendo de lembranças e sentimentos. Como naquele impulso do garoto há quase quarenta anos atrás, hoje adquiri o livro pela internet. Um ciclo que se completa... 

E num relance ao procurar pelo Olavo na internet, acabei de saber que ele se encantou há alguns meses. Não foi à toa a enchente deste rio. O barqueiro tem de suas sabedorias... Um filme de minha vida passou neste momento. Quem vive as coisas da terra se depara com estes acontecimentos. Segue canoa e leva o querido Olavo para junto dos seus, contarem estes eternos Casos de Minas. No rastro desta canoa ficou só sentimento...

Frederico do Valle, Belo Hoirizonte, 26 de janeiro de 2024

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Oração dos Matagais - Altay Veloso


Aqui dentro de mim tem um luar
Um amanhã que anseia por alvorecer
Creio que o segredo é cavalgar
No ventre da noite
Sem medo de me perder
E enquanto o meu coração pulsar
Enquanto em minhas veias o sangue correr
O que o suor e a lágrima puder lavar
Não morrerá sujo antes do amanhacer

Viva a oração nos matagais
Na floresta virgem de meu ser
Bem aventurado os temporais
No coração rasgar
Para não permanecer
Viva a ansiedade das marés
No oceano virgem de meu ser
Bem aventurado os vendavais
No coração rasgar
Para não permanecer

Enquanto o meu coração pulsar
Enquanto em minhas veias o sangue correr
O que o suor e a lágrima puder lavar
Não morrerá sujo antes do amanhecer

Viva a claridade da paixão
Que fecunda a terra virgem de meu ser
Bem aventurada a emoção
No coração rasgar
Para não permanecer
Viva a oração nos matagais
Na floresta virgem de meu ser
Bem aventurado os vendavais
No coração rasgar
Para não permanecer


🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Encontros e Despedidas (1985) - Milton Nascimento



🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Livre para Voar (1984)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Cabocla (1979)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Coração Alado (1980)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Selva de Pedra (1986)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Vale Tudo (1988)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Fera Radical (1988)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Baila Comigo (1981)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Água Viva (1980)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Paraíso (1982)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Renascer (1993)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Gabriela (1975)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Sinhá Moça (1986)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Sol de Verão (1982)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Top Model (1989)

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Tear Mineiro

 

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Live Dori Caymmi | #EmCasaComSesc

🎧 .DOC: Dori Caymmi: Declarações de um brasileiro (Parte 2)

🎧 .DOC: Dori Caymmi: Declarações de um brasileiro (Parte 1)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cantos do Sul da Terra com Raul Ellwanger e Carolina Baumann (TVE RS, 25/06/2023)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cantos do Sul da Terra com Simone Rasslan e duo Unamérica (TVE RS, 12/02/2023)

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

Histórias da Terra Mineira, de Carlos Góis

 

Era uma vez... Essa expressão tem o poder de transportar qualquer leitor do seu mundo para outro, o proposto pela história. O livro traz mais de 50 histórias.

No prefácio da primeira edição (1913) o autor fala do sentido epistemológico da obra destinada a alunos e professores do primeiro e do segundo graus de ensino, isto é, ideias de como o autor percebe a disciplina, servindo de subsídios para a compreensão, análise e reflexão por parte dos professores que se dedicam ao ensino da História e que estão preocupados com os seus resultados. Diz textualmente:

O plano do presente livrinho começou a formar-se em nosso espírito, quando nos capacitamos de que é nosso dever ensinar as crianças, sob forma pitoresca de contos, a história retrospectiva desta grande porção do Brasil que é Minas Gerais. [...] Um povo só pode ter consciência de sua nacionalidade, quando se orgulha de seu passado e suas tradições. [...] A literatura infantil de contos da carochinha, de histórias do outro mundo, de abusões e fantasmagoria é tudo quanto pode haver de mais nocivo ao espírito das crianças. Fazem-nas supersticiosas, medrosas e pusilânimes. A literatura infantil tem o dever de ser sadia e forte, de ser nacional, local e regional.

É interessante notar que Carlos Góis publicou esse livro 16 anos antes do surgimento da Escola dos Analises de Marc Bloch e Lucien Febvre, em 1929. Em seu tempo estava em moda no Brasil o ideal positivista de narração historiográfica, isto é, textos engessados, duros e sem sabor. Queriam chegar a uma verdade absoluta. Por isso uns autores viviam contestando os outros.  Marc Bloch tentando responder a um jovem a indagação de para que serve a historia, assim termina a resposta. Falei ao jovem:

Posso até não saber de sua real serventia! Só sei, que a estudo por que ela me causa um imenso prazer, o prazer de conhecer, o prazer do saber.”  E no outro dia lhe levei estas sábias palavras de São Bernardo de Claraval, Sobre o cantar dos cantares, Sermão 36, III. “Há quem busque o saber pelo saber: é uma torpe curiosidade. Há quem busque o saber para se exibir: é uma torpe vaidade. Há quem busque o saber para vendê-lo: é um torpe tráfico. Mas há quem busque o saber para edificar, e isto é caridade. E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência.

O livro “Histórias da terra mineira” tem uma sequência fatual muito fiel à cronologia que vai desde as primeiras expedições até a independência do Brasil. É um dos primeiros a valorizar a resistência negra nos quilombos, como o “Mártir Isidoro”, a arte dos mulatos e os trabalhos arqueológicos e paleontológicos de Doutor Peter Lund em Lagoa Santa. 

Fernão Dias Paes Lema, o governador das esmeraldas e Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, são apresentados como homens estudados e preparados. Por isso não acreditaram nos mitos indígenas devoradores de homens brancos. Fernão Dias, da mesma forma que Ulisses, não acreditou na lenda de que Uiara habitante da lagoa do Vupabuçu atraia e devorava quem tentasse extrair as esmeraldas na Serra Resplandecente. Esse mito havia sido criado pelos índios para proteger a natureza no interior de seu habitat. Os índios de Goiás achavam que Anhanguera tinha poderes sobrenaturais ao vê-lo atirando com espingarda. Por isso, com medo retiraram-se das minas de ouro deixando-as à disposição dos portugueses. Mário de Andrade, na novela “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter”, no final, por sua ignorância, o personagem é atraído por Uiara e acaba sendo devorado por ela. Carlos Góis, sabendo que os mitos são criados como o tempo, com as funções de explicar e caracterizar as comunidades, desde o início do livro mostra a necessidade de apagar ou anular os mitos antigos e medievais; depois os mitos da cultural indígena e finalmente, os mitos que contribuíam com a idéia de superioridade dos europeus sobre os brasileiros. Surgem os heróis nacionais: Felipe dos Santos, resistindo ao despotismo dos colonizadores; fugas heróicas dos escravos e formação dos quilombos; os inconfidentes e as mulheres que os acompanharam; Aleijadinho, e outros artistas; Chico Rei e sua corte de resistência pacífica.

 A historiografia positivista exige do historiador imparcialidade absoluta baseada em documentos oficiais. Carlos Góis se baseia em fatos reais narrados em forma literária. É bela a forma como ele conta as histórias. Podemos dizer que “História da Terra Mineira” tem dois sentidos estéticos. A alegria e o prazer do narrador que quer passar ao leitor a mesma satisfação. Para tal contou com a excelente participação do artista plástico F Borgeti que confere dramaticidade aos fatos. O narrador fala da satisfação do povo do Arraial do Tijuco com a proclamação da independência. Enquanto uns davam vivas à liberdade e à independência outros faziam uma fogueira e queimavam o livro da capa verde, estatuto da cruel ditadura colonial, visualizado pelo expressivo desenho de Borgeti.


Texto extraído de: http://meuslivrosdeliteraturaehistoria.blogspot.com/2018/05/historia-da-terra-mineira-de-carlos-gois.html


60 anos de Danças Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade (2019)

 Palestra de Cacá Machado focaliza o livro pioneiro de Mário de Andrade 

Manifestações estudadas por Mário continuam presentes na cultura popular brasileira

Em 2019, completam-se 60 anos da publicação do livro Danças Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade, organizado por Oneyda Alvarenga, que reúne os estudos do escritor sobre as danças dramáticas brasileiras, integrantes da cultura popular do país. Para discutir o tema, a Casa Mário de Andrade oferece uma palestra no dia 9 de fevereiro, com o reconhecido compositor e pesquisador Cacá Machado, professor da UNICAMP.

O livro é estruturado em três volumes. No primeiro, há uma explicação sobre o que são as danças dramáticas e como seus temas são majoritariamente de caráter religioso: “(...) O assunto de cada bailado é conjuntamente profano e religioso, nisso de representar ao mesmo tempo um fator prático, imediatamente condicionado a uma transfiguração religiosa.”. Outro tema tratado é a Chegança, antiga dança dramática, cujos movimentos relembram as disputas entre cristãos e mouros no início na monarquia portuguesa.



No segundo volume, Mário discorre principalmente sobre os Congos e o Maracatu, danças de matriz africana. A Congada é constituída por um cortejo, cuja encenação principal é a coroação dos antigos reis do Congo. Apresenta elementos da cultura e religiosidade africana (Congo e Angola, principalmente) e portuguesa.

O maracatu surge provavelmente entre os séculos XVII e XVIII, onde hoje é o Estado de Pernambuco, sendo resultado do contato entre culturas ameríndiasafricanas e europeias. Os maracatus pernambucanos representam o que foram os Congos e Congadas coloniais, tendo como característica seu modo de dançar.

Por último, no terceiro tomo, o autor disserta sobre o Bumba-Meu-Boi e o Moçambique.

O Bumba-Meu-Boi é uma das festas folclóricas mais tradicionais do Brasil e acredita-se que o festejo teve origem no Nordeste no século XVII, durante o Ciclo do Gado, quando o boi tinha grande importância econômica no país. Nessa encenação, semelhante a um auto, misturam-se danças, músicas e teatro. Desde 2011, a manifestação é considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. 

Já o Moçambique estrutura-se como uma dança dramática semelhante ao maracatu, sendo um cortejo que, em determinadas épocas do ano, vagueia pelas ruas parando para dançar na frente das casas. A dança consiste em duas fileiras compostas por pessoas vestidas de branco e com chapéus que levam fitas ou medalhas de santos, além dos bastões nas mãos e os paiás – chocalhos amarrados nas pernas. As vestimentas podem trazer referências sobre Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. A dança é executada ao som de instrumentos, tais como: caixa, viola, sanfona, violão e cavaquinho. Junto aos músicos, ficam o rei e a rainha do Moçambique que conduzem a bandeira do grupo.

É importante destacar que as manifestações estudadas por Mário de Andrade ainda estão presentes na cultura popular brasileira e, atualmente, algumas delas constituem festas tradicionais de várias regiões do Brasil.


Texto extraído de: https://www.casamariodeandrade.org.br/noticia-60-anos-de-danas-dramticas-do-brasil

Vaqueiros e cantadores, de Luís da Câmara Cascudo

 

Neste livro, Câmara Cascudo registra uma tradição das mais antigas e bonitas do Brasil: o canto e poesia sertanejo. Este trabalho, surgido do amor e devoção de Cascudo à arte popular, encarna a memória do sertão do Brasil, já que o autor colheu material rico e vasto. As cantorias e 'causos' de pessoas como Preto Limão, Jerônimo do Junqueiro, Inácio da Catingueira e outros, aqui estão eternizados.

Festas E Tradições Populares No Brasil, de Mello Moraes Filho

Este livro está dividido em quatro partes - Festas Populares, Festas Religiosas, Tradições e Tipos da Rua. Os mais velhos se lembrarão de muitas coisas. Os mais novos verão a descrição de fatos e figuras de que devem ter ouvido falar. Este livro retrata o que há de mais autêntico no folclore brasileiro bem como em suas manifestações mais espontâneas.

-- Festas populares: Casamento na roça. Ano-Bom. Carnaval. A Festa do Divino. A Noite de Natal. A Véspera de Reis. A Procissão de S. Benedito no Lagarto. A Véspera de S. João. O2 de Julho. O Entrudo. O 7 de Setembro. A Festa da Penha. Os Cucumbis. A Festa do Divino.

-- Festas religiosas: As Santas Missões. S. Sebastião. A Festa da Glória. As Encomendações das almas. Corpus Christi. Quinta-feira Santa. Sexta-feira da Paixão. Preces para pedir chuva. O Dia de Finados.

-- Tradições: A Festa da Moagem. Um casamento de ciganos em 1830. A Festa dos mortos. Nosso-pai. O enforcado. A Coroação de um Rei Negor em 1748. Na terra e no mar. O Valongo. Um Funeral Moçambique em 1830. Lucas da Feira. O Navio negreiro.

-- Tipos da Rua: Capoeiragem e capoeiras célebres. O Capitão Nabuco. A Estrada de ferro. O filósofo do cais. A forte-lida. O Miguelista. O Policarpo. O Bolenga. O Pica-pau. o Padre Kelé. A Maria Doida. O Praia-Grande. Barreto Bastos. O Chico cambraia. O "Não há de casar". O Thomás Cachaço.



Os Ciganos no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos, de Mello Moraes Filho

  


O Cancioneiro dos Ciganos é uma porção de quadrinhas divididas em três séries - líricas, elegíacas, funerárias. As quadrinhas reproduzidas foram ouvidas e coligidas pelo próprio autor. O livro Os Ciganos no Brasil constitui a parte crítica da obra do autor. Acha-se dividido em quatro partes; Atualidade e Tradições; Trovas Ciganas; Novo Cancioneiro; Vocabulário. O alvo do autor nestes estudos foi provar que no corpo da poesia, contos, lendas e tradições populares do Brasil, não devemos contar somente com portugueses, africanos, índios e mestiços destas três raças. Devemos contar também com um fato geralmente esquecido, o cigano.

terça-feira, 9 de janeiro de 2024

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Fica com Deus no Peito - Chico Teixeira (Sr. Brasil, TV Cultura)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Último Adeus - Chico Teixeira e Almir Sater

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Jardim da Fantasia - Chico Teixeira (Viola minha Viola, TV Cultura)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Jardim da Fantasia - Paulinho Pedra Azul (Arquivo de 1997)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Arrumação com Paulinho Pedra Azul (Rede Minas 11/01/2015)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Sr. Brasil - Homenagem Rolando Boldrin, o Sr. Brasil (TV Cultura 20/11/2022)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Eu a Viola e Deus - Casuarina e Rolando Boldrin

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Precisamos de Amores - Paulinho Pedra Azul (Sr. Brasil, TV Cultura 08/03/15)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Espetáculo Cantos do Sul da Terra na CCMQ (TVE RS)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cantos do Sul da Terra com Zelito e Homenagem 115 anos Atahualpa Yupanqui (TVE RS 29/01/2023)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cantos do Sul da Terra com Vitor Ramil e Clarissa Ferreira (TVE RS 09/10/2022)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Galpão Nativo - Homenagem à Glênio Fagundes (TVE RS 27/03/2016)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Galpão Nativo (1986)







🎧 TRAMAS MUSICAIS: Galpão Nativo - Glênio Fagundes Galpão recebe Cesar Passarinho (TVE RS)

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Potro sem dono - Paulo Fagundes

A história da Pedra-Sabão em Ouro Preto

 

As cidades históricas são essencialmente tradicionais. Elas buscam manter certas práticas nas quais elas atravessam a história representando também um patrimônio. O queijo, a cachaça, os móveis e a banda de rua marcam algumas cidades como o centro de referência para muitas outras atividades.

No caso de Ouro Preto, é o esteatito, ou a famosa pedra-sabão, que ocupa esse lugar. Lado a lado com outros ofícios e costumes locais, o trabalho com a pedra influencia no turismo, na economia, na tradição e na identidade da cidade.


Sobre esse mineral

A pedra-sabão se trata de uma rocha metamórfica.

Sua origem está nos processos físicos e químicos que ocorrem em uma determinada massa mineral. Ela é encontrada nas camadas mais profundas da crosta terrestre. Ou seja, quando submetido a uma determinada pressão, uma mistura de magnesita, clorita, tremolita, quartzo e, principalmente, talco, dá origem à pedra-sabão.

O talco é um importante fator da composição dessa rocha. Sem ele, ela não teria o nome que tem, porque sua superfície não seria lisa e um tanto quanto aveludada ao toque. É só pegar em uma panela de pedra-sabão para sentir que sua textura é bem específica.


Sua história no mundo

Acredite se quiser, mas a descoberta da pedra-sabão não ocorreu em Ouro Preto.

Pode parecer engraçado, mas muitas pessoas acreditam que nós só conhecemos essa rocha por causa de sua longa tradição na região dos Inconfidentes. Tem tantos artigos feitos com ela, uma infinidade de artigos nas boutiques, que dá pra entender quem tem essa ideia.

Mas uma pesquisa rápida na internet sobre a pedra-sabão revela que ela já era usada antes de Cristo no Oriente Médio.

Essa região também exportava o material. E, ao longo dos séculos, a descoberta de suas características fez com ela fosse utilizada em muitas lareiras na Europa e esculturas na Ásia Menor.

Sua capacidade de retenção do calor é, assim como sua capacidade aguentá-lo, fantástica. Trata-se de uma rocha muito resistente, motivo pelo qual nós a encontramos no Cristo Redentor. Isso mesmo. Nessa escultura de cerca de 30 metros, erguida entre 1926 e 1931, são placas de pedra-sabão que a revestem.


Em Ouro Preto

Aqui na sede do município não há extração de pedra-sabão. Existe apenas o tratamento dela e os artesãos que a transformam em artigos de venda e exportação. Esses artigos, em sua maioria, estão na Feirinha de Pedra-Sabão, no Largo do Coimbra.

As principais pedreiras que abastecem o comércio da cidade estão no distrito de Santa Rita de Ouro Preto, em Acaiaca, Ouro Branco e Viriato.


As famílias e a tradição

Muitas famílias estão ligadas ao manuseio da pedra-sabão. Trata-se de um ofício passado entre gerações, preservado pela continuidade dos valores tradicionais e pela possibilidade de renda.

Há uma grande quantidade de pessoas que vivem da fabricação de esculturas. Dentre elas, panelas, tabuleiros de xadrez e dos muitos outros objetos em pedra-sabão. O turismo na cidade estimula a comercialização desses objetos e muitos deles são levados para o exterior. Lá fora, uma vez conhecidos, esses trabalhos passam a ser encomendados em grandes remessas.

Isso porque o trabalho desses artesãos, além de contar com muita qualidade, é credibilizado pelo legado de Antônio Francisco Lisboa (1738 – 1814), o Aleijadinho.

Superando todas as limitações físicas impostas por uma “doença misteriosa” que o tomou a partir de 1777, o artista criou centenas de esculturas que ainda hoje estão disponíveis para a visitação. Uma delas é a Igreja de São Francisco de Assis. O monumento recebeu o projeto da fachada e vários adornos do artista.


Texto extraído de: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/
Fonte Imagem: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Anjo em pedra sabão

 

UMA IMAGEM, MIL PALAVARAS: Oratório mineiro

 

🎧 TRAMAS MUSICAIS: As Melhores Obras de Chopin

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Concierto de apertura de curso 2018-2019. Orquesta Barroca de Sevilla

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Música de Câmara na ABL: Orquestra Barroca da Unirio – “Amores impossíveis”

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Álbum Música do Brasil Colonial Compositores Mineiros séc XVIII e XIX

sábado, 6 de janeiro de 2024

A festa de Santos Reis e o fenômeno da estrela dos Magos

 


Dia 6 de janeiro é dedicado a Santos Reis. Mais propriamente, é o dia da festa de Santos Reis, com bandeiras, instrumentos musicais, hinos religiosos, cantadores e rezadores, recitação e terço cantado, tudo a serviço da manifestação expressiva de religiosidade do povo em geral. As comemorações seguem o seu ritual próprio e se popularizam sempre mais, tanto na zona rural quanto nas comunidades periféricas urbanas.

São festejos de tal forma interligados à nossa cultura popular que nem passa pela nossa cabeça das pessoas mais sensatas tecerem qualquer questionamento a respeito. Sabe-se que é sempre bom aprender um pouco mais do manancial da história, não só para simples e proveitoso conhecimento, como também para enfatizar valores intrínsecos, até mesmo da espiritualidade, que nos fazem tão bem.

Em diversos Estados brasileiros, e em muitos países, os Santos Reis são homenageados com as famosas Folias de Reis. Trata-se de uma festa católica que reproduz e celebra a visita dos Três Reis Magos ao Deus Menino, que nasceu em Belém.

Uma vez fixado o nascimento de Jesus Cristo na data de 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro, que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser das mais importantes datas comemorativas do catolicismo, ao lado do próprio Natal.

No Brasil, as festividades apresentam-se com poucas variações, dependendo dos costumes de cada região. Normalmente, a linha mestra do ritual é preservada em todas as localidades. No Estado do Rio de Janeiro, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. É a tradição do lugar.

Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas, tocando músicas alegres em louvor aos Santos Reis e ao nascimento de Cristo. Essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos: 6 de janeiro.

Sabe-se que tais festejos são uma tradição originária da Espanha e que, em nosso País, ganhou força especialmente no século XIX, mantendo-se viva a prática festiva em muitas localidades, sobretudo nas pequenas cidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás.

As rezas são quase sempre cantadas, oportunidade em que os foliões rogam a Deus pelo bem das famílias, dos moradores do lugar, das crianças, dos adultos, tudo com fervoroso pedido a Deus para que nunca falte nada aos donos da casa acolhedora do Pouso da Folia.

Há também efusivos agradecimentos. Os foliões cantam agradecendo aos moradores que ofereceram a hospedagem e a Deus pela comida, pela fartura da mesa, pelas criações do terreiro e pela vida de todos.

Observam-se dois momentos que chamam bastante atenção na Folia: a chegada e a saída. Os foliões, quando chegam, pedem licença para entrar pela casa adentro e cantar em homenagem ao Menino Jesus, exibindo a bandeira do Deus Menino para todos os presentes reverenciarem. Terminada a cantoria, é servida a refeição com muita fartura, normalmente o jantar. Mais tarde, à noite, acontecem os festejos sociais, com dancinha e catira, tudo com muito respeito. No outro dia, após o café, é a hora da cantoria de agradecimento e de despedida, seguindo-se a comitiva para outro pouso já programado.

Quanto aos Santos Reis e a origem da espiritualidade popular, narra o evangelista Lucas (2, 8-10) que havia uns pastores (Gaspar, Baltazar e Melchior), apascentando o seu rebanho, durante a vigília da noite. Nisso, apareceu-lhes um anjo, momento em que a glória de Deus refulgiu ao redor deles. E anunciou-lhes que havia nascido o Salvador, na cidade de Davi. E lhes deu um sinal: “achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura” (2,12).

Os magos, homens guerreiros, estudiosos da ciência e conhecedores dos astros, empreendiam viagem como de costume. Um deles, Gaspar, eterno observador do céu estrelado, percebeu o destaque de uma estrela que brilhava com grande esplendor. De acordo com os conhecimentos astrológicos do mago, aquela estrela era desconhecida de todos os astrólogos caldeus. Apresentava movimentação irregular e dirigia-se para o ocidente.

Em Jerusalém, indagaram aqui e ali, mas ninguém soube informar onde havia nascido o Salvador. Tão logo saíram da cidade, a estrela reapareceu. Eles seguiram-na. “E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou” (Mt 2,9). Os reis acompanharam-na, atraídos por uma força misteriosa. “Foram com grande pressa e acharam Maria e José e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todas essas palavras, meditando-as em seu coração” (Lc 2,16-19).

Ao encontrarem o Recém-nascido, ajoelharam-se e adoraram-No como os príncipes do oriente adoravam os seus deuses. E ofereceram ao Filho de Maria, como tributo de vassalagem, ouro, incenso e mirra.

Concluída a visita, informa o texto bíblico que “Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto” (Lc 2,20), atitude que deve ser copiada por todo cristão, quando, recebida uma graça, jamais se esquecer de glorificar e louvar a Deus por tudo o que lhe fora concedido pelo Senhor.

São numerosas as tentativas dos cientistas de explicar o fenômeno da estrela dos Magos: fenômeno sobrenatural, cometa ou a aproximação dos planetas Júpiter e Saturno ocorrida no ano 7 a. C. Uma via desses estudos pretende revelar que os estudiosos daquela época (sábios, magos e sacerdotes), da antiga Babilônia, há bastante tempo já estudavam a posição dos astros, interpretando a vontade dos deuses e fazendo previsões. Para eles, Júpiter era a Estrela dos Povos Orientais e Saturno, a Estrela dos Povos Ocidentais. A constelação dos Peixes era o símbolo da região do Mediterrâneo. A constante movimentação desses dois planetas, no céu, mereceu observação especial, e sua conjugação recebeu deles a seguinte interpretação: “Júpiter e Saturno, representando toda a humanidade, se reúnem e migram para a constelação dos Peixes (o país dos judeus); permanecem algum tempo no arco oriental, retornam ao arco ocidental, e permanecem quase estáticos sobre Belém, anunciando o novo soberano. Depois prosseguem seu caminho” (Artigo de Maurus Schneider, publicado na revista Cidade Nova, Vargem Grande Paulista-SP, edição de jan/fev 2000).


🎧 TRAMAS MUSICAIS: Noite Dos Sinos - Almir Sater e Renato Teixeira