As cidades históricas são
essencialmente tradicionais. Elas buscam manter certas práticas nas quais elas
atravessam a história representando também um patrimônio. O queijo, a cachaça,
os móveis e a banda de rua marcam algumas cidades como o centro de referência
para muitas outras atividades.
No caso de Ouro Preto, é o
esteatito, ou a famosa pedra-sabão, que ocupa esse lugar. Lado a lado com
outros ofícios e costumes locais, o trabalho com a pedra influencia no turismo,
na economia, na tradição e na identidade da cidade.
Sobre esse mineral
A pedra-sabão se trata de uma
rocha metamórfica.
Sua origem está nos processos
físicos e químicos que ocorrem em uma determinada massa mineral. Ela é
encontrada nas camadas mais profundas da crosta terrestre. Ou seja, quando
submetido a uma determinada pressão, uma mistura de magnesita, clorita,
tremolita, quartzo e, principalmente, talco, dá origem à pedra-sabão.
O talco é um importante fator da
composição dessa rocha. Sem ele, ela não teria o nome que tem, porque sua superfície
não seria lisa e um tanto quanto aveludada ao toque. É só pegar em uma panela
de pedra-sabão para sentir que sua textura é bem específica.
Sua história no mundo
Acredite se quiser, mas a
descoberta da pedra-sabão não ocorreu em Ouro Preto.
Pode parecer engraçado, mas muitas
pessoas acreditam que nós só conhecemos essa rocha por causa de sua longa
tradição na região dos Inconfidentes. Tem tantos artigos feitos com ela, uma
infinidade de artigos nas boutiques, que dá pra entender quem tem essa ideia.
Mas uma pesquisa rápida na
internet sobre a pedra-sabão revela que ela já era usada antes de Cristo no
Oriente Médio.
Essa região também exportava o
material. E, ao longo dos séculos, a descoberta de suas características fez com
ela fosse utilizada em muitas lareiras na Europa e esculturas na Ásia Menor.
Sua capacidade de retenção do
calor é, assim como sua capacidade aguentá-lo, fantástica. Trata-se de uma
rocha muito resistente, motivo pelo qual nós a encontramos no Cristo Redentor.
Isso mesmo. Nessa escultura de cerca de 30 metros, erguida entre 1926 e 1931,
são placas de pedra-sabão que a revestem.
Em Ouro Preto
Aqui na sede do município não há extração de pedra-sabão. Existe apenas o tratamento dela e os artesãos que a transformam em artigos de venda e exportação. Esses artigos, em sua maioria, estão na Feirinha de Pedra-Sabão, no Largo do Coimbra.
As principais pedreiras que
abastecem o comércio da cidade estão no distrito de Santa Rita de Ouro Preto,
em Acaiaca, Ouro Branco e Viriato.
As famílias e a tradição
Muitas famílias estão ligadas ao
manuseio da pedra-sabão. Trata-se de um ofício passado entre gerações,
preservado pela continuidade dos valores tradicionais e pela possibilidade de
renda.
Há uma grande quantidade de
pessoas que vivem da fabricação de esculturas. Dentre elas, panelas, tabuleiros
de xadrez e dos muitos outros objetos em pedra-sabão. O turismo na cidade
estimula a comercialização desses objetos e muitos deles são levados para o
exterior. Lá fora, uma vez conhecidos, esses trabalhos passam a ser
encomendados em grandes remessas.
Isso porque o trabalho desses
artesãos, além de contar com muita qualidade, é credibilizado pelo legado de
Antônio Francisco Lisboa (1738 – 1814), o Aleijadinho.
Superando todas as limitações
físicas impostas por uma “doença misteriosa” que o tomou a partir de 1777, o
artista criou centenas de esculturas que ainda hoje estão disponíveis para a
visitação. Uma delas é a Igreja de São Francisco de Assis. O monumento recebeu
o projeto da fachada e vários adornos do artista.
Fonte Imagem: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/
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