terça-feira, 9 de janeiro de 2024

A história da Pedra-Sabão em Ouro Preto

 

As cidades históricas são essencialmente tradicionais. Elas buscam manter certas práticas nas quais elas atravessam a história representando também um patrimônio. O queijo, a cachaça, os móveis e a banda de rua marcam algumas cidades como o centro de referência para muitas outras atividades.

No caso de Ouro Preto, é o esteatito, ou a famosa pedra-sabão, que ocupa esse lugar. Lado a lado com outros ofícios e costumes locais, o trabalho com a pedra influencia no turismo, na economia, na tradição e na identidade da cidade.


Sobre esse mineral

A pedra-sabão se trata de uma rocha metamórfica.

Sua origem está nos processos físicos e químicos que ocorrem em uma determinada massa mineral. Ela é encontrada nas camadas mais profundas da crosta terrestre. Ou seja, quando submetido a uma determinada pressão, uma mistura de magnesita, clorita, tremolita, quartzo e, principalmente, talco, dá origem à pedra-sabão.

O talco é um importante fator da composição dessa rocha. Sem ele, ela não teria o nome que tem, porque sua superfície não seria lisa e um tanto quanto aveludada ao toque. É só pegar em uma panela de pedra-sabão para sentir que sua textura é bem específica.


Sua história no mundo

Acredite se quiser, mas a descoberta da pedra-sabão não ocorreu em Ouro Preto.

Pode parecer engraçado, mas muitas pessoas acreditam que nós só conhecemos essa rocha por causa de sua longa tradição na região dos Inconfidentes. Tem tantos artigos feitos com ela, uma infinidade de artigos nas boutiques, que dá pra entender quem tem essa ideia.

Mas uma pesquisa rápida na internet sobre a pedra-sabão revela que ela já era usada antes de Cristo no Oriente Médio.

Essa região também exportava o material. E, ao longo dos séculos, a descoberta de suas características fez com ela fosse utilizada em muitas lareiras na Europa e esculturas na Ásia Menor.

Sua capacidade de retenção do calor é, assim como sua capacidade aguentá-lo, fantástica. Trata-se de uma rocha muito resistente, motivo pelo qual nós a encontramos no Cristo Redentor. Isso mesmo. Nessa escultura de cerca de 30 metros, erguida entre 1926 e 1931, são placas de pedra-sabão que a revestem.


Em Ouro Preto

Aqui na sede do município não há extração de pedra-sabão. Existe apenas o tratamento dela e os artesãos que a transformam em artigos de venda e exportação. Esses artigos, em sua maioria, estão na Feirinha de Pedra-Sabão, no Largo do Coimbra.

As principais pedreiras que abastecem o comércio da cidade estão no distrito de Santa Rita de Ouro Preto, em Acaiaca, Ouro Branco e Viriato.


As famílias e a tradição

Muitas famílias estão ligadas ao manuseio da pedra-sabão. Trata-se de um ofício passado entre gerações, preservado pela continuidade dos valores tradicionais e pela possibilidade de renda.

Há uma grande quantidade de pessoas que vivem da fabricação de esculturas. Dentre elas, panelas, tabuleiros de xadrez e dos muitos outros objetos em pedra-sabão. O turismo na cidade estimula a comercialização desses objetos e muitos deles são levados para o exterior. Lá fora, uma vez conhecidos, esses trabalhos passam a ser encomendados em grandes remessas.

Isso porque o trabalho desses artesãos, além de contar com muita qualidade, é credibilizado pelo legado de Antônio Francisco Lisboa (1738 – 1814), o Aleijadinho.

Superando todas as limitações físicas impostas por uma “doença misteriosa” que o tomou a partir de 1777, o artista criou centenas de esculturas que ainda hoje estão disponíveis para a visitação. Uma delas é a Igreja de São Francisco de Assis. O monumento recebeu o projeto da fachada e vários adornos do artista.


Texto extraído de: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/
Fonte Imagem: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/


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