quinta-feira, 7 de junho de 2018

Califórnia da Canção Nativa (Uruguaiana/RS)



A Califórnia da Canção Nativa é um evento artístico musical que ocorre no Rio Grande do Sul desde 1971, considerada patrimônio cultural do Estado, sendo modelo de divulgação da música regional gaúcha.

Ocorrendo durante o ano provas eliminatórias em diversas cidades gaúchas, e por fim, após a triagem de mais de 500 músicas, as finais ocorrem na cidade de Uruguaiana, fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde, conforme o grau de vitórias, é concebido o prêmio máximo: a Calhandra de Ouro.

O evento surgiu em 1971 em meio aos anos de chumbo, reunindo as mais diversas variações musicais nativas do Rio Grande do Sul organizada pelo CTG Sinuelo do Pago e prefeitura municipal, ambos de Uruguaiana. Inicialmente, sua primeira edição não teve tanta repercussão porém, algumas edições tiveram mais de 60 mil pessoas e atualmente é o maior evento cultural regional do Brasil.

Conforme Cícero Galeno Lopes, em artigo publicado no livro RS índio: cartografia sobre a produção do conhecimento, Leopoldo Rassier conseguiu pela censura prévia e cantar a música Tema de marcação, (poema de Luiz Coronel musicado por Marcos Aurélio Vasconcellos), no festival de 1975, através de uma ambiguidade entre dois personagens históricos: o lunar de Sepé Tiaraju e a estrela de Che Guevara, já que ambos lutaram por liberdade, tinham "uma estrela na testa" e foram "pra baixo desse chão".


 A história dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul tem início na década de 1970. O primeiro festival a surgir foi a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1971. Alguns eventos aconteceram anteriormente, há registros de um festival promovido pela TV Gaúcha em 1969, outro promovido por um CTG em Santa Maria em 1970. Mas o que realmente deu a partida para a grande disseminação da música gaúcha pelo estado foi a Califórnia.

A origem da Califórnia é contada em "Califórnia da Canção Nativa - marco de mudanças na cultura gaúcha", de Colmar Duarte e José Édil de Lima Alves (Ed. Movimento). Resumindo, Colmar Duarte e companheiros decidiram organizar um festival de música do Rio Grande do Sul por não terem sido classificados em um festival de músicas promovido por uma rádio de Uruguaiana. A ideia foi levada ao CTG Sinuelo do Pago, que primeiramente não a aceitou, mas, após Colmar ser eleito patrão, abraçou a causa. E assim surgiu a "Mãe dos Festivais", como diz Jerônimo Jardim.

Depois da Califórnia, outros festivais foram surgindo - a Ciranda de Taquara, em 1972, e a Vindima de Flores da Cunha, no mesmo ano, foram os primeiros "filhos". Com características um pouco diferenciadas, esses festivais valorizavam, além da música gaúcha, a influência da imigração - alemã e italiana, respectivamente. A Ciranda foi bienal nos primeiros anos, deixou de ser realizada por algum tempo, voltou mais tarde e finalmente caiu no esquecimento. A Vindima também não acontece mais.

A década de 1980 viu uma explosão de festivais pelo estado. Notadamente, os mais importantes (no meu entendimento) foram Tertúlia de Santa Maria (1980), Coxilha de Cruz Alta (1981), Seara de Carazinho (1981) e Musicanto de Santa Rosa (1983). Inúmeros festivais se seguiram: Gauderiada, Reponte, Ponche Verde, Reculuta, Moenda, Ronco do Bugio, Tafona, ... Chegamos a ter mais de 60 eventos num ano. São mais de 200 títulos no total. Alguns não passaram de uma ou duas edições.

Tivemos um festival de intérpretes em Caçapava do Sul que premiava o vencedor com um automóvel zero-quilômetro. Houve também uma mostra em Porto Alegre de músicas participantes de outros festivais: Tchê - o Festival dos Festivais. Com ideia semelhante aconteceu em Tramandaí o Eco dos Festivais, em que participavam somente as vencedoras de outros eventos. A Mostra Farroupilha de Nativismo, acontecida no ano do Sesquicentenário da Revolução Farroupilha, também ajudou a incentivar os festivais.




 A música gaúcha se espraiou e os festivais também. Santa Catarina começou a organizar a Sapecada da Canção em Lages e outros em várias cidades. O Paraná teve o Cante-Terra em Campo Mourão e mais alguns.

Hoje acontecem em torno de 30 ao ano no Rio Grande do Sul. Todo ano surgem novos, antigos desaparecem e alguns parados voltam a acontecer. A dinâmica depende muito da política, apoio de prefeituras e leis de incentivo, por isso há uma grande variação. Mas é um mercado que movimenta muita gente e muitos recursos, e eu gostaria de ver estudos a respeito. Tento fazer uma parte, registrando aqui o que está ao meu alcance.


Galeria



 






Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Califórnia_da_Canção_Nativa
http://festivaisnativistas.blogspot.com.br/p/historia-dos-festivais.html

Fonte Imagem:
Fonte: http://www.radioculturaam1260.com.br/noticias/noticia/geral/inscricoes-para-a-california-da-cancao-nativa-encerram-hoje/331
Fonte: http://www.riogrande.rs.gov.br/pagina/index.php/noticias/detalhes+cae6a,,rio-grande-e-uruguaiana-firmam-acordo-de-cooperacao-para-etapa-seletiva-da-california.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2014/07/1-california-da-cancao-nativa-do-rs-1971.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2014/07/15-california-da-cancao-nativa-do-rs.html
http://musicagpd.blogspot.com.br/2012/03/california-da-cancao-nativa-do-rs-12.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/search/label/Calif%C3%B3rnia%20Da%20Can%C3%A
7% C3%A3o%20Nativa
http://musicagpd.blogspot.com.br/2012/03/california-da-cancao-nativa-do-rs-14.html


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