A primeira vez que eu viajei à
Ilha do Ferro foi pra entrevistar seu Fernando Rodrigues. Era um dia de domingo
e para chegar ao destino, navegamos pelo Rio São Francisco até a casa do
sertanejo que fabricava cadeiras aproveitando o design das árvores do mangue,
com poemas e frases feitas à faca nos assentos. Nos idos 90 ele era um ilustre
desconhecido, mas já admirado pela artista plástica Maria Amélia Vieira e pelo
fotógrafo Celso Brandão. Muito simpático, quando me viu, ele logo disse:
“Domingo é dia de festa, não posso perder, e já tem barco esperando ”,
comentou.
Começo minha resenha assim porque
quem vai viajar até a Ilha do Ferro, de preferência deve programar de segunda a
sábado, porque o povo deste local é de artistas, bordadeiras e verdadeiros anfitriões,
mas que amam uma festa e não costumam perdê-las por nada.
Arquitetura da Ilha do Ferro, e o
céu do Sertão alagoano
O povoado da cidade de Pão de
Açúcar é simples, tem uma pousada, algumas casas de aluguel, e apenas uma
bodequinha que vende cachaça, cerveja e o melhor quebra –queixo da região feito
com esmero pelo Zé Bobô. E se o barco chegar da pesca, e se tiver (eu fiz
isso), compre pitu fresquinho e outros peixinhos de água doce.
Melhor quebra-queixo da região é
feito pelo Zé Bobô, tradição de 20 anos
Mas ir até a Ilha do Ferro é
pra quem aprecia arte popular, os bordados Boa Noite, e, pode ter certeza, tem
artista por todo o povoado para “fazer o que dá na telha” . Também é para
contemplar a beleza do Rio São Francisco, a arquitetura, os
barquinhos, e tem lugar para sentar na pracinha e vê a vida passar, calmamente.
A Ilha do Ferro ficou famosa
graças ao seu maior artista, Fernando Rodrigues, que, no auge de seus 70 anos,
criou mesas, cadeiras e bancos rústicos aproveitando as formas orgânicas de
troncos e raízes, colhidos no próprio povoado. Ele tinha o hábito de desafiar
os seus amigos a fazer bancos, e todos os que aceitaram a provocação do
mestre viraram escultores de mão cheia.
Seu Fernando e suas criaturas e
bancos saíram da Ilha do Ferro pelo Brasil a fora. E a Ilha do Ferro ficou
famosa graças ao sertanejo
Já Aberaldo, também da Ilha do
Ferro, fez sua própria carreira solo com seus pássaros e bonecos (pequenos e
gigantes), igualmente aproveitando as formas naturais dos troncos.
Obra de arte de Aberaldo da Ilha
do Ferro para Galeria de Arte pelo Brasil a fora
Então, além de mergulhar no Rio
São Francisco, passear de barco, comer quebra queixo, siga o roteiro dos
artistas da Ilha do Ferro:
Domingos Sálvio Rodrigo assina
como D.S.R. Desempregado do canavial é um dos escultores mais novo e talentoso
na Ilha
Bancos e aves ficam em exposição
na casa de D.S.R
A pequena ave criação do Vandinho
Valmir, genro do seu Fernando,
herdou o talento e cria bancos inusitados
Dona Morena, com mais de 90 anos
borda Boa Noite, faz bonecas e uma contadora de história única
A onça e seu autor Faguinho
Zé Crente, e sua obra Gata
Borralheira
O belo calango, do Eraldo
Atelier de taipa do André, em cima
do morro, tem a mais bela visão da Ilha do Ferro
Os maravilhosos pitus fresquinhos do Rio São Francisco
Peixe do peixe Cari (do Rio São
Francisco) preparado pela família do Valmir
Peixe cari, tradição do Rio São
Francisco
Bordado Boa Noite, uma tradição da
Ilha do Ferro e sempre conta com o apoio do Sebrae
Os barquinhos e o Rio São
Francisco
Texto extraído de: https://www.nidelins.com.br/2018/01/06/sertao-e-sua-famosa-ilha-do-ferro/
Fonte Imgem: https://www.nidelins.com.br/2018/01/06/sertao-e-sua-famosa-ilha-do-ferro/
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