segunda-feira, 16 de setembro de 2024
domingo, 15 de setembro de 2024
sábado, 14 de setembro de 2024
sexta-feira, 13 de setembro de 2024
terça-feira, 10 de setembro de 2024
domingo, 8 de setembro de 2024
quarta-feira, 21 de agosto de 2024
quarta-feira, 7 de agosto de 2024
terça-feira, 6 de agosto de 2024
quinta-feira, 1 de agosto de 2024
terça-feira, 23 de julho de 2024
Meu Tio, o Iauaretê (Guimarães Rosa, por Lima Duarte)
quinta-feira, 18 de julho de 2024
UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Violas
Fonte Imagem: https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjt-OBQBo1yQuiDnL6q7PZjTaddOioP5ppSw6RCQGPop7RXNcgSvLSR4qyPe2UtF4FgBZ4zmXtX5I0dOEnEx1Bw0-4XSF7705I_SLVF6_PzEkOPOmIGPtNXSv-UZG1oEmXKq7wiHv3tyVVI/s1600-h/Viola+Caipira+Plano+de+fundo
sexta-feira, 12 de julho de 2024
sexta-feira, 5 de julho de 2024
sexta-feira, 28 de junho de 2024
quarta-feira, 26 de junho de 2024
terça-feira, 25 de junho de 2024
segunda-feira, 24 de junho de 2024
domingo, 23 de junho de 2024
terça-feira, 23 de abril de 2024
sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024
terça-feira, 13 de fevereiro de 2024
Almanaque do Carnaval
Em Salvador a festa de rua nos dias de carnaval ganhou proporções gigantescas. No Recife, o Galo da Madrugada atrai mais de um milhão e meio de pessoas. No Rio de Janeiro, o desfile no Sambódromo é televisionado para mais de 180 países. Nesse Almanaque do carnaval, o historiador André Diniz conta como isso tudo começou, conduzindo o leitor em uma viagem no tempo até chegar às grandes folias da atualidade. Além da história do carnaval, o livro apresenta a trajetória dos gêneros musicais identificados com a festa: o samba, a marchinha, o frevo e o axé. O leitor vai se deparar com canções, compositores e intérpretes que marcaram época e com os que ganham destaque na atualidade. São pequenas biografias, casos curiosos e informações sobre o contexto político, social e cultural de cada período. E o autor aborda fenômenos de mercado como Ivete Sangalo e o grupo É o Tchan, rompendo as barreiras impostas pela crítica tradicional. Há ainda mais de 120 imagens, indicações de livros e filmes e dicas de onde cair na folia em todo o Brasil.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2024
UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Olavo Romano, o eterno contador dos Casos de Minas
Nesta semana fui arrebatado pela memória das coisas da terra e das pessoas. Este rio sempre navegou em mim, contudo inexplicavelmente de tempos em tempos ele transborda, invadindo as margens e inundando todo o sentimento...
Na ribeira deste rio, penso nas pessoas, aos meus que navegaram rio-abaixo e que um dia encontraremos em uma grande festa no ponto de encontro rio-mar...
É onde cultura, pessoas e lugares se encontram. Na parede da memória guardo um livro que acompanhou minha vida. Conhecido em menino, Minas e seus Casos de Olavo Romano me encantou, me deixou hipnotizado.
Alguns anos depois, num mundo onde a internet ainda não era nem sonho, até hoje não sei como, consegui o contato por telefone com uma livraria e finalmente adquiri outro livro fantástico: Casos de Minas, lançado pela editora Paz e Terra. A capa de uma velha casa de fazenda me transportava para minha casa. Fotografia impactante que também assombrou Drummond. Minas Gerais tem dessas coisas... Década mágica de 1980 que trazia nestes livros o cheiro de Minas.
Muitos anos depois, tive a honra de participar do Projeto Sempre um Papo em Juiz de Fora ao lado do Olavo Romano. Emoção grande para aquele rapaz que ainda garoto viajava nas capas daqueles livros. Com o Grupo Amalé, cantamos Ribeirão Encheu, uma Folia de Reis da região de Porteirinha, abrindo as porteiras, portas e janelas das pessoas de Minas. Honra minha de estar ao lado do Olavo e do Seu Antônio Macário, cantador e contador das coisas da vida...
Muitos anos se passaram e com espanto encontrei uma nova edição do Casos de Minas pela Paz e Terra. Mas faltava alguma coisa. A alma daquela casa velha não estava lá.
Agora, em Belo Horizonte neste mês de janeiro de 2024 não acreditei ao ver o relançamento do Casos de Minas, edição comemorativa de seus 40 anos (1982-2022), pois lá estava ela: a velha casa da fazenda servindo de abrigo para a nossa cultura tão desrespeitada e tão importante para nós. A companhia Caravana encarou a empreitada. Ao ver a velha casa fiquei estático e sorrindo, quieto. Era o reencontro de quem nunca realmente partiu... Mas nesta semana, juntamente com as chuvas de janeiro, este rio transbordou, me enchendo de lembranças e sentimentos. Como naquele impulso do garoto há quase quarenta anos atrás, hoje adquiri o livro pela internet. Um ciclo que se completa...
E num relance ao procurar pelo Olavo na internet, acabei de saber que ele se encantou há alguns meses. Não foi à toa a enchente deste rio. O barqueiro tem de suas sabedorias... Um filme de minha vida passou neste momento. Quem vive as coisas da terra se depara com estes acontecimentos. Segue canoa e leva o querido Olavo para junto dos seus, contarem estes eternos Casos de Minas. No rastro desta canoa ficou só sentimento...
Frederico do Valle, Belo Hoirizonte, 26 de janeiro de 2024
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
🎧 TRAMAS MUSICAIS: Oração dos Matagais - Altay Veloso
Aqui dentro de mim tem um luar
Um amanhã que anseia por alvorecer
Creio que o segredo é cavalgar
No ventre da noite
Sem medo de me perder
E enquanto o meu coração pulsar
Enquanto em minhas veias o sangue correr
O que o suor e a lágrima puder lavar
Não morrerá sujo antes do amanhacer
sexta-feira, 12 de janeiro de 2024
quarta-feira, 10 de janeiro de 2024
Histórias da Terra Mineira, de Carlos Góis
Era uma vez... Essa expressão tem
o poder de transportar qualquer leitor do seu mundo para outro, o proposto pela
história. O livro traz mais de 50 histórias.
No prefácio da primeira
edição (1913) o autor fala do sentido epistemológico da obra destinada a alunos
e professores do primeiro e do segundo graus de ensino, isto é, ideias de como
o autor percebe a disciplina, servindo de subsídios para a compreensão, análise
e reflexão por parte dos professores que se dedicam ao ensino da História e que
estão preocupados com os seus resultados. Diz textualmente:
O plano do presente
livrinho começou a formar-se em nosso espírito, quando nos capacitamos de que é
nosso dever ensinar as crianças, sob forma pitoresca de contos, a história
retrospectiva desta grande porção do Brasil que é Minas Gerais. [...] Um povo
só pode ter consciência de sua nacionalidade, quando se orgulha de seu passado
e suas tradições. [...] A literatura infantil de contos da carochinha, de
histórias do outro mundo, de abusões e fantasmagoria é tudo quanto pode haver
de mais nocivo ao espírito das crianças. Fazem-nas supersticiosas, medrosas e
pusilânimes. A literatura infantil tem o dever de ser sadia e forte, de ser
nacional, local e regional.
É interessante notar que Carlos Góis publicou esse livro 16 anos antes do surgimento da Escola dos Analises de Marc Bloch e Lucien Febvre, em 1929. Em seu tempo estava em moda no Brasil o ideal positivista de narração historiográfica, isto é, textos engessados, duros e sem sabor. Queriam chegar a uma verdade absoluta. Por isso uns autores viviam contestando os outros. Marc Bloch tentando responder a um jovem a indagação de para que serve a historia, assim termina a resposta. Falei ao jovem:
Posso até não saber de sua real serventia! Só sei, que a estudo por que ela me causa um imenso prazer, o prazer de conhecer, o prazer do saber.” E no outro dia lhe levei estas sábias palavras de São Bernardo de Claraval, Sobre o cantar dos cantares, Sermão 36, III. “Há quem busque o saber pelo saber: é uma torpe curiosidade. Há quem busque o saber para se exibir: é uma torpe vaidade. Há quem busque o saber para vendê-lo: é um torpe tráfico. Mas há quem busque o saber para edificar, e isto é caridade. E há quem busque o saber para se edificar, e isto é prudência.
O livro “Histórias da terra mineira” tem uma sequência fatual muito fiel à cronologia que vai desde as primeiras expedições até a independência do Brasil. É um dos primeiros a valorizar a resistência negra nos quilombos, como o “Mártir Isidoro”, a arte dos mulatos e os trabalhos arqueológicos e paleontológicos de Doutor Peter Lund em Lagoa Santa.
Fernão Dias Paes Lema, o governador das esmeraldas e Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, são apresentados como homens estudados e preparados. Por isso não acreditaram nos mitos indígenas devoradores de homens brancos. Fernão Dias, da mesma forma que Ulisses, não acreditou na lenda de que Uiara habitante da lagoa do Vupabuçu atraia e devorava quem tentasse extrair as esmeraldas na Serra Resplandecente. Esse mito havia sido criado pelos índios para proteger a natureza no interior de seu habitat. Os índios de Goiás achavam que Anhanguera tinha poderes sobrenaturais ao vê-lo atirando com espingarda. Por isso, com medo retiraram-se das minas de ouro deixando-as à disposição dos portugueses. Mário de Andrade, na novela “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter”, no final, por sua ignorância, o personagem é atraído por Uiara e acaba sendo devorado por ela. Carlos Góis, sabendo que os mitos são criados como o tempo, com as funções de explicar e caracterizar as comunidades, desde o início do livro mostra a necessidade de apagar ou anular os mitos antigos e medievais; depois os mitos da cultural indígena e finalmente, os mitos que contribuíam com a idéia de superioridade dos europeus sobre os brasileiros. Surgem os heróis nacionais: Felipe dos Santos, resistindo ao despotismo dos colonizadores; fugas heróicas dos escravos e formação dos quilombos; os inconfidentes e as mulheres que os acompanharam; Aleijadinho, e outros artistas; Chico Rei e sua corte de resistência pacífica.
A
historiografia positivista exige do historiador imparcialidade absoluta baseada
em documentos oficiais. Carlos Góis se baseia em fatos reais narrados em forma
literária. É bela a forma como ele conta as histórias. Podemos dizer que
“História da Terra Mineira” tem dois sentidos estéticos. A alegria e o prazer
do narrador que quer passar ao leitor a mesma satisfação. Para tal contou com a
excelente participação do artista plástico F Borgeti que confere dramaticidade
aos fatos. O narrador fala da satisfação do povo do Arraial do Tijuco com a
proclamação da independência. Enquanto uns davam vivas à liberdade e à
independência outros faziam uma fogueira e queimavam o livro da capa verde,
estatuto da cruel ditadura colonial, visualizado pelo expressivo desenho de
Borgeti.
Texto extraído de: http://meuslivrosdeliteraturaehistoria.blogspot.com/2018/05/historia-da-terra-mineira-de-carlos-gois.html
60 anos de Danças Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade (2019)
Palestra de Cacá Machado focaliza o livro pioneiro de Mário de Andrade
Manifestações estudadas por Mário continuam presentes na cultura popular brasileira
Em 2019, completam-se 60 anos da publicação do livro Danças Dramáticas do Brasil, de Mário de Andrade, organizado por Oneyda Alvarenga, que reúne os estudos do escritor sobre as danças dramáticas brasileiras, integrantes da cultura popular do país. Para discutir o tema, a Casa Mário de Andrade oferece uma palestra no dia 9 de fevereiro, com o reconhecido compositor e pesquisador Cacá Machado, professor da UNICAMP.
O livro é estruturado em três volumes. No primeiro, há uma explicação sobre o que são as danças dramáticas e como seus temas são majoritariamente de caráter religioso: “(...) O assunto de cada bailado é conjuntamente profano e religioso, nisso de representar ao mesmo tempo um fator prático, imediatamente condicionado a uma transfiguração religiosa.”. Outro tema tratado é a Chegança, antiga dança dramática, cujos movimentos relembram as disputas entre cristãos e mouros no início na monarquia portuguesa.
O maracatu surge provavelmente entre os séculos XVII e XVIII, onde hoje é o Estado de Pernambuco, sendo resultado do contato entre culturas ameríndias, africanas e europeias. Os maracatus pernambucanos representam o que foram os Congos e Congadas coloniais, tendo como característica seu modo de dançar.
Por último, no terceiro tomo, o autor disserta sobre o Bumba-Meu-Boi e o Moçambique.
O Bumba-Meu-Boi é uma das festas folclóricas mais tradicionais do Brasil e acredita-se que o festejo teve origem no Nordeste no século XVII, durante o Ciclo do Gado, quando o boi tinha grande importância econômica no país. Nessa encenação, semelhante a um auto, misturam-se danças, músicas e teatro. Desde 2011, a manifestação é considerada Patrimônio Cultural do Brasil pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.
Já o Moçambique estrutura-se como uma dança dramática semelhante ao maracatu, sendo um cortejo que, em determinadas épocas do ano, vagueia pelas ruas parando para dançar na frente das casas. A dança consiste em duas fileiras compostas por pessoas vestidas de branco e com chapéus que levam fitas ou medalhas de santos, além dos bastões nas mãos e os paiás – chocalhos amarrados nas pernas. As vestimentas podem trazer referências sobre Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia. A dança é executada ao som de instrumentos, tais como: caixa, viola, sanfona, violão e cavaquinho. Junto aos músicos, ficam o rei e a rainha do Moçambique que conduzem a bandeira do grupo.
É importante destacar que as manifestações estudadas por Mário de Andrade ainda estão presentes na cultura popular brasileira e, atualmente, algumas delas constituem festas tradicionais de várias regiões do Brasil.
Texto extraído de: https://www.casamariodeandrade.org.br/noticia-60-anos-de-danas-dramticas-do-brasil
Vaqueiros e cantadores, de Luís da Câmara Cascudo
Festas E Tradições Populares No Brasil, de Mello Moraes Filho
Este livro está dividido em quatro partes - Festas Populares, Festas Religiosas, Tradições e Tipos da Rua. Os mais velhos se lembrarão de muitas coisas. Os mais novos verão a descrição de fatos e figuras de que devem ter ouvido falar. Este livro retrata o que há de mais autêntico no folclore brasileiro bem como em suas manifestações mais espontâneas.
-- Festas populares: Casamento na roça. Ano-Bom. Carnaval. A Festa do Divino. A Noite de Natal. A Véspera de Reis. A Procissão de S. Benedito no Lagarto. A Véspera de S. João. O2 de Julho. O Entrudo. O 7 de Setembro. A Festa da Penha. Os Cucumbis. A Festa do Divino.
-- Festas religiosas: As Santas Missões. S. Sebastião. A Festa da Glória. As Encomendações das almas. Corpus Christi. Quinta-feira Santa. Sexta-feira da Paixão. Preces para pedir chuva. O Dia de Finados.
-- Tradições: A Festa da Moagem. Um casamento de ciganos em 1830. A Festa dos mortos. Nosso-pai. O enforcado. A Coroação de um Rei Negor em 1748. Na terra e no mar. O Valongo. Um Funeral Moçambique em 1830. Lucas da Feira. O Navio negreiro.
-- Tipos da Rua: Capoeiragem e capoeiras célebres. O Capitão Nabuco. A Estrada de ferro. O filósofo do cais. A forte-lida. O Miguelista. O Policarpo. O Bolenga. O Pica-pau. o Padre Kelé. A Maria Doida. O Praia-Grande. Barreto Bastos. O Chico cambraia. O "Não há de casar". O Thomás Cachaço.
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/1061/621040.pdf?sequence=4&isAllowed=y
Os Ciganos no Brasil e Cancioneiro dos Ciganos, de Mello Moraes Filho
terça-feira, 9 de janeiro de 2024
A história da Pedra-Sabão em Ouro Preto
As cidades históricas são
essencialmente tradicionais. Elas buscam manter certas práticas nas quais elas
atravessam a história representando também um patrimônio. O queijo, a cachaça,
os móveis e a banda de rua marcam algumas cidades como o centro de referência
para muitas outras atividades.
No caso de Ouro Preto, é o
esteatito, ou a famosa pedra-sabão, que ocupa esse lugar. Lado a lado com
outros ofícios e costumes locais, o trabalho com a pedra influencia no turismo,
na economia, na tradição e na identidade da cidade.
Sobre esse mineral
A pedra-sabão se trata de uma
rocha metamórfica.
Sua origem está nos processos
físicos e químicos que ocorrem em uma determinada massa mineral. Ela é
encontrada nas camadas mais profundas da crosta terrestre. Ou seja, quando
submetido a uma determinada pressão, uma mistura de magnesita, clorita,
tremolita, quartzo e, principalmente, talco, dá origem à pedra-sabão.
O talco é um importante fator da
composição dessa rocha. Sem ele, ela não teria o nome que tem, porque sua superfície
não seria lisa e um tanto quanto aveludada ao toque. É só pegar em uma panela
de pedra-sabão para sentir que sua textura é bem específica.
Sua história no mundo
Acredite se quiser, mas a
descoberta da pedra-sabão não ocorreu em Ouro Preto.
Pode parecer engraçado, mas muitas
pessoas acreditam que nós só conhecemos essa rocha por causa de sua longa
tradição na região dos Inconfidentes. Tem tantos artigos feitos com ela, uma
infinidade de artigos nas boutiques, que dá pra entender quem tem essa ideia.
Mas uma pesquisa rápida na
internet sobre a pedra-sabão revela que ela já era usada antes de Cristo no
Oriente Médio.
Essa região também exportava o
material. E, ao longo dos séculos, a descoberta de suas características fez com
ela fosse utilizada em muitas lareiras na Europa e esculturas na Ásia Menor.
Sua capacidade de retenção do
calor é, assim como sua capacidade aguentá-lo, fantástica. Trata-se de uma
rocha muito resistente, motivo pelo qual nós a encontramos no Cristo Redentor.
Isso mesmo. Nessa escultura de cerca de 30 metros, erguida entre 1926 e 1931,
são placas de pedra-sabão que a revestem.
Em Ouro Preto
Aqui na sede do município não há extração de pedra-sabão. Existe apenas o tratamento dela e os artesãos que a transformam em artigos de venda e exportação. Esses artigos, em sua maioria, estão na Feirinha de Pedra-Sabão, no Largo do Coimbra.
As principais pedreiras que
abastecem o comércio da cidade estão no distrito de Santa Rita de Ouro Preto,
em Acaiaca, Ouro Branco e Viriato.
As famílias e a tradição
Muitas famílias estão ligadas ao
manuseio da pedra-sabão. Trata-se de um ofício passado entre gerações,
preservado pela continuidade dos valores tradicionais e pela possibilidade de
renda.
Há uma grande quantidade de
pessoas que vivem da fabricação de esculturas. Dentre elas, panelas, tabuleiros
de xadrez e dos muitos outros objetos em pedra-sabão. O turismo na cidade
estimula a comercialização desses objetos e muitos deles são levados para o
exterior. Lá fora, uma vez conhecidos, esses trabalhos passam a ser
encomendados em grandes remessas.
Isso porque o trabalho desses
artesãos, além de contar com muita qualidade, é credibilizado pelo legado de
Antônio Francisco Lisboa (1738 – 1814), o Aleijadinho.
Superando todas as limitações
físicas impostas por uma “doença misteriosa” que o tomou a partir de 1777, o
artista criou centenas de esculturas que ainda hoje estão disponíveis para a
visitação. Uma delas é a Igreja de São Francisco de Assis. O monumento recebeu
o projeto da fachada e vários adornos do artista.
Fonte Imagem: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/historia-da-pedra-sabao-em-ouro-preto/
sábado, 6 de janeiro de 2024
A festa de Santos Reis e o fenômeno da estrela dos Magos
São festejos de tal forma interligados à nossa cultura popular que nem passa pela nossa cabeça das pessoas mais sensatas tecerem qualquer questionamento a respeito. Sabe-se que é sempre bom aprender um pouco mais do manancial da história, não só para simples e proveitoso conhecimento, como também para enfatizar valores intrínsecos, até mesmo da espiritualidade, que nos fazem tão bem.
Em diversos Estados brasileiros, e em muitos países, os Santos Reis são homenageados com as famosas Folias de Reis. Trata-se de uma festa católica que reproduz e celebra a visita dos Três Reis Magos ao Deus Menino, que nasceu em Belém.
Uma vez fixado o nascimento de Jesus Cristo na data de 25 de dezembro, adotou-se a data da visitação dos Reis Magos como sendo o dia 6 de janeiro, que, em alguns países de origem latina, especialmente aqueles cuja cultura tem origem espanhola, passou a ser das mais importantes datas comemorativas do catolicismo, ao lado do próprio Natal.
No Brasil, as festividades apresentam-se com poucas variações, dependendo dos costumes de cada região. Normalmente, a linha mestra do ritual é preservada em todas as localidades. No Estado do Rio de Janeiro, os grupos realizam folias até o dia 20 de janeiro, dia de São Sebastião, o padroeiro da cidade do Rio de Janeiro. É a tradição do lugar.
Na cultura tradicional brasileira, os festejos de Natal eram comemorados por grupos que visitavam as casas, tocando músicas alegres em louvor aos Santos Reis e ao nascimento de Cristo. Essas manifestações festivas estendiam-se até a data consagrada aos Reis Magos: 6 de janeiro.
Sabe-se que tais festejos são uma tradição originária da Espanha e que, em nosso País, ganhou força especialmente no século XIX, mantendo-se viva a prática festiva em muitas localidades, sobretudo nas pequenas cidades dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro e Goiás.
As rezas são quase sempre cantadas, oportunidade em que os foliões rogam a Deus pelo bem das famílias, dos moradores do lugar, das crianças, dos adultos, tudo com fervoroso pedido a Deus para que nunca falte nada aos donos da casa acolhedora do Pouso da Folia.
Há também efusivos agradecimentos. Os foliões cantam agradecendo aos moradores que ofereceram a hospedagem e a Deus pela comida, pela fartura da mesa, pelas criações do terreiro e pela vida de todos.
Observam-se dois momentos que chamam bastante atenção na Folia: a chegada e a saída. Os foliões, quando chegam, pedem licença para entrar pela casa adentro e cantar em homenagem ao Menino Jesus, exibindo a bandeira do Deus Menino para todos os presentes reverenciarem. Terminada a cantoria, é servida a refeição com muita fartura, normalmente o jantar. Mais tarde, à noite, acontecem os festejos sociais, com dancinha e catira, tudo com muito respeito. No outro dia, após o café, é a hora da cantoria de agradecimento e de despedida, seguindo-se a comitiva para outro pouso já programado.
Quanto aos Santos Reis e a origem da espiritualidade popular, narra o evangelista Lucas (2, 8-10) que havia uns pastores (Gaspar, Baltazar e Melchior), apascentando o seu rebanho, durante a vigília da noite. Nisso, apareceu-lhes um anjo, momento em que a glória de Deus refulgiu ao redor deles. E anunciou-lhes que havia nascido o Salvador, na cidade de Davi. E lhes deu um sinal: “achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura” (2,12).
Os magos, homens guerreiros, estudiosos da ciência e conhecedores dos astros, empreendiam viagem como de costume. Um deles, Gaspar, eterno observador do céu estrelado, percebeu o destaque de uma estrela que brilhava com grande esplendor. De acordo com os conhecimentos astrológicos do mago, aquela estrela era desconhecida de todos os astrólogos caldeus. Apresentava movimentação irregular e dirigia-se para o ocidente.
Em Jerusalém, indagaram aqui e ali, mas ninguém soube informar onde havia nascido o Salvador. Tão logo saíram da cidade, a estrela reapareceu. Eles seguiram-na. “E eis que a estrela, que tinham visto no Oriente os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou” (Mt 2,9). Os reis acompanharam-na, atraídos por uma força misteriosa. “Foram com grande pressa e acharam Maria e José e o menino deitado na manjedoura. Vendo-o, contaram o que se lhes havia dito a respeito deste menino. Todos os que os ouviam admiravam-se das coisas que lhes contavam os pastores. Maria conservava todas essas palavras, meditando-as em seu coração” (Lc 2,16-19).
Ao encontrarem o Recém-nascido, ajoelharam-se e adoraram-No como os príncipes do oriente adoravam os seus deuses. E ofereceram ao Filho de Maria, como tributo de vassalagem, ouro, incenso e mirra.
Concluída a visita, informa o texto bíblico que “Voltaram os pastores, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto” (Lc 2,20), atitude que deve ser copiada por todo cristão, quando, recebida uma graça, jamais se esquecer de glorificar e louvar a Deus por tudo o que lhe fora concedido pelo Senhor.
São numerosas as tentativas dos cientistas de explicar o fenômeno da estrela dos Magos: fenômeno sobrenatural, cometa ou a aproximação dos planetas Júpiter e Saturno ocorrida no ano 7 a. C. Uma via desses estudos pretende revelar que os estudiosos daquela época (sábios, magos e sacerdotes), da antiga Babilônia, há bastante tempo já estudavam a posição dos astros, interpretando a vontade dos deuses e fazendo previsões. Para eles, Júpiter era a Estrela dos Povos Orientais e Saturno, a Estrela dos Povos Ocidentais. A constelação dos Peixes era o símbolo da região do Mediterrâneo. A constante movimentação desses dois planetas, no céu, mereceu observação especial, e sua conjugação recebeu deles a seguinte interpretação: “Júpiter e Saturno, representando toda a humanidade, se reúnem e migram para a constelação dos Peixes (o país dos judeus); permanecem algum tempo no arco oriental, retornam ao arco ocidental, e permanecem quase estáticos sobre Belém, anunciando o novo soberano. Depois prosseguem seu caminho” (Artigo de Maurus Schneider, publicado na revista Cidade Nova, Vargem Grande Paulista-SP, edição de jan/fev 2000).