quarta-feira, 22 de novembro de 2023

🎧 .DOC: Congada Nossa Senhora do Rosário - Jequitibá/MG

 

O filme foi realizado pelos pesquisadores Sérgio Bairon (Líder do CEDIPP - Centro de Comunicação Digital e Pesquisa Partilhada - ECA - USP - BR e Pesquisador do Diversitas/USP) e José da Silva Ribeiro (Coordenador do Laboratório de Antropologia Visual da Universidade Aberta - PT) em parceria com as comunidades de Jequitibá e arredores. 

Faz parte das pesquisas Coroação de Reis Congo e Inter-culturalidade Afro-atlântica. 

Diogo Cão chegou à foz do Rio Zaire em 1483 e contatou pela primeira vez o Mani Soyo, chefe da localidade na qual aportara, entre as mais poderosas e com a mais sólida e respeitada linhagem de chefes, o Congo era um reino relativamente sólido e estruturado. Formado por grupos bantos abrangia grande extensão da África Centro-Ocidental e compunha-se de diversas províncias. Algumas destas províncias, como as de Soyo, Mbata, Wandu e Nkusu, eram administradas por membros de linhagens enraizadas na região que detinham os cargos de chefia há muitas gerações. Outras províncias eram administradas por chefes escolhidos pelo rei dentre a nobreza que o cercava na capital. A unidade do reino era mantida a partir do controle exercido pelo rei, cercado por linhagens nobres que teciam alianças principalmente por meio do casamento, mas era também fortalecida pelas relações comerciais e políticas entre as diversas regiões. 

A formação do reino parece datar do final do século XIV, a partir da expansão de um núcleo localizado a noroeste de Mbanza Congo, que se tornou sua capital. Os mitos de origem registrados no século XVII referem-se à conquista do território por um grupo de estrangeiros, chefiados por Nimi e Lukeni, que teria subjugado as aldeias da região do Congo e imposto a sua soberania pela superioridade de sua força de guerra. A divisão fundamental na sociedade congolesa era entre as cidades -- Mbanza -- e as aldeias -- Lubata. Do final do século XV a meados do século XVII, o Congo se manteve um reino relativamente coeso, no qual o Mani Congo exercia um domínio significativo sobre as diferentes províncias que controlava da capital. (ver Souza, Marina de Mello e. Reis negros no Brasil escravista - história da festa de coroação de rei congo.Belo Horizonte, Ed. UFMG, 2001. 

Ao escolher Reis ou Capitães constitui uma das formas encontradas pelos africanos escravizados de recriarem a organização comunitária, laços sociais, formas culturais na sociedade escravagista. Ao elegerem Reis e Rainhas e festejarem os santos de sua devoção com danças, cantos, histórias e mitos evocam o seu passado africano, reafirmam a comunidade de construíam na sociedade escravagista, recriam formas sincréticas de culto, criavam uma sociedade mestiça com a participação cada vez maior de mestiços, negros e brancos nas festas.

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