sexta-feira, 8 de junho de 2018

Clube da Esquina - O Movimento (MG)


por Ivan Vilela

No início dos anos 60, em Belo Horizonte (MG), jovens músicos começam a se encontrar na cena musical da capital mineira. Eles produziam um som que fundia as inovações trazidas pela Bossa Nova a elementos do jazz, dorock’n’roll – principalmente The Beatles –, de música folclórica dos negros mineiros e alguns recursos de música erudita e música hispânica. Nos anos 70, esses artistas tornaram-se referência de qualidade na MPB pelo alto nível de performance e disseminaram suas inovações e influência a diversos cantos do país e do mundo. E é sobre esses músicos, sobre o Clube da Esquina, que falo agora.

Inicialmente representado por Milton Nascimento, Wagner Tiso, Fernando Brant, Márcio Borges, Nivaldo Ornelas, Toninho Horta e Paulo Braga, a turma mineira foi agregando uma constelação de instrumentistas e compositores. Ainda que juntos tenham apresentado uma nova perspectiva musical, o Clube da Esquina não foi visto pela mídia e pelos estudiosos como um movimento. Mas, sem sobra de dúvida, se constituiu apropriando-se de um alicerce oferecido por diversos movimentos musicais e culturais pregressos.




Heranças dos anos 50

Os anos 50 e 60 do século 20 foram marcados por profundas modificações de ordem econômica, política e, conseqüentemente, social em todo o mundo. O movimento da Contracultura iniciado pelos Beatniks nos EUA e o existencialismo francês propiciaram mudanças no meio da juventude do Ocidente e as manifestações culturais refletiam esses novos tempos, em especial a música.

Em 1958, a Bossa Nova surge como uma nova alternativa estética à música popular brasileira. Ela propõe um novo uso melódico das tensões harmônicas e uma abordagem orquestral mais enxuta, tendo o violão – junto à voz – novamente como o centro da cena. E resgatando também os aspectos rítmicos do samba, que desde o samba orquestral dos anos 50 haviam se diluído.

No que toca à questão literária, a Bossa Nova realiza uma mudança de ordem estética. Os poemas das canções, sobretudo no tema amor, tratam das situações de maneira mais feliz e coloquial, menos parnasiana, resgatando a naturalidade contida outrora em Noel Rosa.


Eclodem os anos 60

A partir dos anos 60, começam a chegar ao Brasil a música e a arte pop, representadas sonoramente pelo rock’n’roll. Rapidamente, essa nova música, que estava ligada a uma mudança de comportamento social dos jovens, ganha adeptos no Brasil. Seus seguidores são identificados a partir do movimento da Jovem Guarda.

Agora, uma guitarra aliada a recursos eletrônicos de distorção sonora é que se faz presente. Poeticamente, tratavam de valores buscados pela juventude: a beleza, a ascensão social por meio da aquisição de um automóvel, uma postura “sem compromissos” diante das responsabilidades que se lhes apresentava, enfim, queriam romper com tabus que havia muito norteavam a conduta da juventude, principalmente a sexualidade.


Música de Protesto

Na mesma época, o Brasil era assolado por um golpe militar de direita contra o qual toda a intelectualidade ligada à esquerda se mobilizou. No campo artístico, passa a ser produzida uma música que protesta ante a situação que se configura. Essa música, na produção de alguns de seus principais compositores, começa a trazer a musicalidade de um Brasil mais ligado ao interior, ao camponês e às camadas sociais menos favorecidas. É a música ligada aos Centro Populares de Cultura (CPC). Geraldo Vandré, Gilberto Gil, Carlos Lira, Marcos Valle, Sidney Miller e Sérgio Ricardo são compositores que se destacam nesse momento.

A juventude intelectualizada do Brasil olha com desprezo para a música produzida pela outra juventude, mais operária, mais suburbana. Nessa época, convivem no cenário musical a música da Jovem Guarda, da Bossa Nova, a Canção de Protesto.

Havia também alternativas mais sofisticadas que fundiam recursos bossa-novistas com temáticas interioranas, partindo assim para uma estilização de ritmos populares, como o baião – Edu Lobo é um exemplo dessa vertente. Aos poucos, a música popular brasileira ia manifestando a sua ubiqüidade.


Alegria, paródia e deboche

Em 1967, surge um movimento de artistas baianos e paulistas intitulado Tropicália, que visava, por meio de alegoria, paródia e deboche, a promover uma autocrítica que implodisse a já assim chamada MPB como um campo consolidado em sua “linha evolutiva”. Esse movimento, de bases intelectuais sólidas, propõe uma nova visita à Jovem Guarda autenticando alguns de seus elementos. Funde o som das guitarras distorcidas ao som orquestral, resgatando a musicalidade contida nos recônditos do Brasil. Propõe uma nova estética literária, mais ligada ao concretismo e não tão próxima de uma abordagem política explícita. Passam a utilizar o ruído (música concreta) como recurso sonoro.

A Tropicália abriu caminho para diversas tendências presentes na música brasileira ocuparem o seu lugar, de modo que tudo passou a fazer parte do novo conceito de MPB.

E, dentro da imensa diversidade sonora produzida até então, o Clube da Esquina reposicionou o espaço da MPB, certificando com qualidade a incorporação dos diversos elementos propostos pela Tropicália e outros movimentos.


Milton Nascimento

Em 1967, Milton Nascimento classificou três músicas – duas próprias e uma com letra de Fernando Brant – para a final do II Festival Internacional da Canção, no Rio de Janeiro. Milton é premiado como melhor intérprete e ganha o segundo lugar com “Travessia”. A partir daí, a carreira de Milton é impulsionada.

Ainda em 1967, ele grava seu primeiro disco, “Travessia”. Em 1968, é convidado a gravar o disco “Courage” nos EUA. O convite revelou o imenso potencial de aceitação de sua música nos EUA. Em 1969, grava no Brasil o disco “Milton Nascimento”. A cada novo disco, Milton se supera como intérprete, como compositor e como instrumentista.


Um novo caminho para a MPB

Em seus três primeiros discos, Milton se apóia na experiência de grandes músicos como Luiz Eça e Dori Caymmi. Isso, por um lado, dá sustentação a seu trabalho e, por outro, faz com que ele mantenha uma sonoridade mais próxima da já existente, reservada aos grandes compositores e intérpretes da MPB.

Não obstante toda a musicalidade dos jovens do Clube, era visível que a sofisticação e os recursos dos elementos sonoros trazidos pela Bossa Nova permaneciam como referência de qualidade da MPB no exterior.
  
Porém, é em seu disco “Milton”, de 1970, que Milton e os rapazes do Clube da Esquina passam a trilhar um caminho sonoro totalmente próprio, autêntico e mais independente do passado da música brasileira. Esse disco tem como banda de apoio o Som Imaginário, mais Lô Borges e Naná Vasconcelos. Nele, o Clube se faz mais presente nas composições dos irmãos Lô e Márcio Borges e da sonoridade que funde recursos diversos existentes na MPB – como guitarras distorcidas – e inovações – como o uso determinante da percussão na música “Pai Grande”.

A percussão não faz mais o papel de acompanhante rítmico: agora é a de criadora de um evento que corre concomitantemente à voz e ao violão e com um volume maior que o usual das gravações.


O disco Clube da Esquina

A consolidação de uma linguagem própria se firma com o lançamento, em 1972, do disco “Clube da Esquina”, assinado por Milton Nascimento e Lô Borges. Esse álbum duplo traz a participação maciça de todos os membros do grupo de amigos músicos conhecido internamente como Clube da Esquina.


 A sonoridade obtida, o alto padrão de elaboração e a originalidade das composições e arranjos fizeram deste um dos discos antológicos da MPB. A música do Clube da Esquina trouxe diversos elementos novos à MPB, que, com o passar do tempo, se tornaram matéria de uso comum.

Diferentemente da Jovem Guarda e da Bossa Nova, mantiveram uma temática política presente, mas de forma subjetiva. O disco “Milagre dos Peixes” teve que ser feito, em grande parte, à base de vocalises, devido à censura de várias das letras.

As letras das canções em geral revelam uma inclinação a construções mais abstratas, imagens ou metáforas que talvez sejam mais soltas de uma tradição poética da canção brasileira que as costumeiras da época, e mesmo depois. Pouco se encontra da estrutura de romance ou de narrativas, histórias ou situações das quais se pode tirar alguma moral ou mensagem. Acerca disso, há uma interessante afirmação que sintetiza um pensamento literário, no caso de Márcio Borges, mas que em alguma medida pode ser estendido a outros poetas do grupo em suas letras: “Pelo menos não viessem me falar de mensagens... ‘qual é a mensagem dessa letra?’ Como se um poema pudesse funcionar como cabograma ou sinal de fumaça”.


Uma nova perspectiva musical

Milton inaugura uma nova forma de utilização do violão: como um instrumento ao mesmo tempo harmônico e percussivo. No samba e na bossa nova temos um violão batido dentro de um esquema rítmico. Na Tropicália e Jovem Guarda, a utilização do instrumento é feita de forma rasgueada (ou rasgada ou rasqueada é tocar violão passando os dedos ou a palheta pelas cordas correndo, de cima para baixo ou vice-versa, fazendo as cordas soarem; é uma forma não dedilhada de tocar violão), porém ainda respeitando um sistema rítmico predominante. Em Milton, poderíamos dizer que o violão passa a ser um instrumento arrítmico e de cordas percussivas.

Toda a base da música brasileira foi construída dentro de padrões rítmicos binários, ternários e quaternários. Milton desenvolve músicas em compassos quinários (em cinco tempos), além de trabalhar com compassos híbridos (pulsações diferentes numa mesma música). E também a execução de um samba, originalmente binário, em ritmo ternário.

Constroem a ponte com a música de nossos irmãos americanos de língua espanhola. Acabam por resgatar uma África que não veio pela via do samba e nem do candomblé. Trazem uma África mineira, irmã dos congados, moçambiques e caiapós e tambus.


 A percussão passa a ter um papel de solista concorrente ao melopoema (o resultado da melodia e letra, a canção). É um evento que acontece à parte do resto sem, no entanto, deixar de compor o todo. São os primeiros a colocar, em algumas canções, a percussão com um volume maior que a própria voz.

A voz, no Clube da Esquina, deixa de ser apenas o elemento que canta os melopoemas e passa a ser um instrumento que canta sem letra, que produz sons pouco usuais. O falsete, por exemplo, longe de ser um último recurso, torna-se alternativa tímbrica.

Conseguem também fazer a fusão do regional com o pop amalgamando os gêneros e estilos. Ouvindo não conseguimos localizar onde começa um e termina o outro. Esse procedimento passa, tempos depois, a ser usual em um segmento chamado World Music.

Criam uma sonoridade orquestral própria que diferia da forma como a Bossa Nova utilizava a orquestra, mais como uma moldura sonora, e da forma como a Tropicália também a utilizou, de forma mais narrativa. No Clube da Esquina temos uma orquestração de caráter mais impressionista, criadora de ambiências sonoras, e que às vezes corre à parte do evento musical que se apresenta.

No disco “Clube da Esquina”, vemos a proposta inusitada de dividir o panorama de escuta do som estereofônico de forma não eqüitativamente balanceada.

Poderíamos pensar no desenvolvimento da harmonia de música popular (progressões harmônicas, dissonâncias etc.) ao longo dos tempos por um caminho que vem de Mussorgsky, Debussy, música de cinema, big bands, simultaneamente, música brasileira e música estadunidense do pós-guerra e Bossa Nova.

Se analisarmos a obra do Clube da Esquina, veremos que, além da incorporação de toda a contribuição trazida pelo desenvolvimento acima exposto, foi criada pelo Clube uma maneira muito própria de harmonizar, visível a partir do disco “Clube de Esquina”. Não é à toa que o violão de Toninho Horta se tornou referência e as harmonias de Milton são as mais surpreendentes.

A sonoridade resultante do encontro desses músicos se tornou uma das principais marcas que acompanhou a música feita pelo pessoal do Clube da Esquina. Uma música em que os instrumentos, combinados, constróem mais do que um simples acompanhamento da canção. Constróem, sim, uma ambiência da qual a canção passa a fazer parte junto de eventos sonoros distintos que acontecem ao mesmo tempo. Como exemplo, vale passar os olhos nos comentários feitos acerca do disco Clube da Esquina.

A influência da música do Clube da Esquina se espalhou por diversos lugares e tendências. Um dia, em conversa informal com Ivan Lins, sugeri que a música de Gonzaguinha continha elementos melódicos presentes na música de Milton, ao que ele me respondeu que não só a de Gonzaguinha, mas a dele também, e frisou: “Milton e Jobim, aprendi muito tocando músicas desses dois”. A influência de Milton e de Toninho Horta, na maneira de compor e tocar a guitarra, é notória na música de Pat Metheny. A própria aproximação de Egberto Gismonti e de Wayne Shorter, que gravaram músicas de Milton, da obra deste, denota a força do trabalho dos mineiros.


Galeria


















Fonte:
http://www.museudapessoa.net/clube/o_movimento.htm

Fonte Imagem:
http://www.overmundo.com.br/overblog/clube-da-esquina-35-anos-depois
http://imagesvisions.blogspot.com.br/2012/06/o-clube-da-esquina-e-o-jipe-manuel.html
www.audiofagia.com.br
http://www.museudapessoa.net/clube/o_museu.htm
http://soulart.org/musica/o-fino-da-mpb-clube-da-esquina-1972/
http://www.azoofa.com.br/blog/resenhas/musica-que-nao-sai-de-moda
http://musicasbrasileiras.wordpress.com/2010/05/27/nos-bailes-da-vida-milton-nascimento/
http://caminhosdovaledoparaiba.blogspot.com.br/2011/05/amigo-e-coisapra-se-guardar.html
http://canguleiro2.blogspot.com.br/2012/03/14-bis-espelho-das-aguas-1981.html
http://www.1000recordings.com/music/lo-borges/
http://discologiaacervo.blogspot.com.br/2011/09/em-1979-beto-lanca-o-terceiro-album.html
http://andrefidusi.com/tag/musica/
http://musicararafacil.blogspot.com.br/2006/05/tavinho-moura-como-vai-minha-aldeia.html
http://www.carlosnoboro.com/nonakedmusic/2011/10/11/beto-guedes-a-pagina-do-relampago-eletrico.html
http://www.youtube.com/watch?v=VUYcS2YsfbM
http://www.dustygroove.com/item.php?id=qgbx4bp5q4
http://pl.tunes.zone/artist-beto-guedes-soundtracks-77345

Coxilha Nativista (Cruz Alta/RS)


A Coxilha Nativista é referência de qualidade entre os festivais do Rio Grande do Sul.

Promovida pela Prefeitura Municipal de Cruz Alta, através da Secretaria Municipal da Cultura, é realizada ininterruptamente desde o ano de 1981. Caracteriza-se por ser um festival que preserva os valores de nossa cultura, oportunizando a músicos, autores e compositores apresentarem, em suas canções, as várias tendências do nativismo gaúcho. No ano de 1985, incorporou ao evento a Coxilha Piá e nos últimos anos a Fase Local, modalidades que incentivam os jovens talentos e a prata da casa.


Realizada no Ginásio Municipal de Cruz Alta, terra do escritor Érico Veríssimo, a Coxilha Nativista oferece uma ajuda de custo e premiação diferenciada e, ainda, aos primeiros lugares, os troféus Alta Cruz da Coxilha, O Carreteiro e O Tropeiro.


Galeria











Fonte:
http://www.igtf.rs.gov.br/?p=745

Fonte Imagem:
http://www.mundial.fm.br/index-site.php?pg=desc_noticia&id=3250
http://bahstidores.blogspot.com.br/2014/07/conheca-historia-e-todos-os-vencedores.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2015/04/6-coxilha-nativista-de-cruz-alta-1986.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2015/04/23-coxilha-nativista-de-cruz-alta-2003.html
http://www.identidadecampeira.com.br/2016/03/regulamento-da-36-coxilha-nativista-de.html

Tertúlia Musical Nativista (Santa Maria/RS)


A primeira Tertúlia Musical Nativista aconteceu em 1980 e se manteve em atividade até o ano de 1999, retomando sua trajetória em 2011. Evento de grande importância na consolidação do movimento nativista, deu notoriedade às tendências musicais e à poesia da região central do Rio Grande do Sul, tornando-se até nossos dias um celeiro de compositores, músicos e intérpretes.


Promovido pela Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Cultura, tem como entidade apoiadora a Associação Tradicionalista Estância do Minuano e realiza-se no Largo da Gare – Centro Ferroviário de Cultura. O festival tem uma ajuda de custo e premiação diferenciada e proporciona aos primeiros colocados os troféus: Minuano, Amaury Dalla Porta e Antônio Augusto Ferreira. Alem da convivência com as belezas naturais e a hospitalidade do povo de Santa Maria, a Tertúlia Musical Nativista se realiza em novembro e é garantia de boa música na Terra do Vento Norte.


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Fonte:
http://www.igtf.rs.gov.br/?p=794

Fonte Imagem:
https://www.arazao.com.br/noticia/71046/para-entrar-no-clima-da-tertulia-musical-nativista/
http://musicagpd.blogspot.com.br/2015/08/tertulia-musical-nativista-de-santa.html
http://www.prosagalponeira.com.br/2015/08/regulamento-da-xxiii-tertulia-da-cancao.html

quinta-feira, 7 de junho de 2018

Califórnia da Canção Nativa (Uruguaiana/RS)



A Califórnia da Canção Nativa é um evento artístico musical que ocorre no Rio Grande do Sul desde 1971, considerada patrimônio cultural do Estado, sendo modelo de divulgação da música regional gaúcha.

Ocorrendo durante o ano provas eliminatórias em diversas cidades gaúchas, e por fim, após a triagem de mais de 500 músicas, as finais ocorrem na cidade de Uruguaiana, fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde, conforme o grau de vitórias, é concebido o prêmio máximo: a Calhandra de Ouro.

O evento surgiu em 1971 em meio aos anos de chumbo, reunindo as mais diversas variações musicais nativas do Rio Grande do Sul organizada pelo CTG Sinuelo do Pago e prefeitura municipal, ambos de Uruguaiana. Inicialmente, sua primeira edição não teve tanta repercussão porém, algumas edições tiveram mais de 60 mil pessoas e atualmente é o maior evento cultural regional do Brasil.

Conforme Cícero Galeno Lopes, em artigo publicado no livro RS índio: cartografia sobre a produção do conhecimento, Leopoldo Rassier conseguiu pela censura prévia e cantar a música Tema de marcação, (poema de Luiz Coronel musicado por Marcos Aurélio Vasconcellos), no festival de 1975, através de uma ambiguidade entre dois personagens históricos: o lunar de Sepé Tiaraju e a estrela de Che Guevara, já que ambos lutaram por liberdade, tinham "uma estrela na testa" e foram "pra baixo desse chão".


 A história dos festivais nativistas do Rio Grande do Sul tem início na década de 1970. O primeiro festival a surgir foi a Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana, em 1971. Alguns eventos aconteceram anteriormente, há registros de um festival promovido pela TV Gaúcha em 1969, outro promovido por um CTG em Santa Maria em 1970. Mas o que realmente deu a partida para a grande disseminação da música gaúcha pelo estado foi a Califórnia.

A origem da Califórnia é contada em "Califórnia da Canção Nativa - marco de mudanças na cultura gaúcha", de Colmar Duarte e José Édil de Lima Alves (Ed. Movimento). Resumindo, Colmar Duarte e companheiros decidiram organizar um festival de música do Rio Grande do Sul por não terem sido classificados em um festival de músicas promovido por uma rádio de Uruguaiana. A ideia foi levada ao CTG Sinuelo do Pago, que primeiramente não a aceitou, mas, após Colmar ser eleito patrão, abraçou a causa. E assim surgiu a "Mãe dos Festivais", como diz Jerônimo Jardim.

Depois da Califórnia, outros festivais foram surgindo - a Ciranda de Taquara, em 1972, e a Vindima de Flores da Cunha, no mesmo ano, foram os primeiros "filhos". Com características um pouco diferenciadas, esses festivais valorizavam, além da música gaúcha, a influência da imigração - alemã e italiana, respectivamente. A Ciranda foi bienal nos primeiros anos, deixou de ser realizada por algum tempo, voltou mais tarde e finalmente caiu no esquecimento. A Vindima também não acontece mais.

A década de 1980 viu uma explosão de festivais pelo estado. Notadamente, os mais importantes (no meu entendimento) foram Tertúlia de Santa Maria (1980), Coxilha de Cruz Alta (1981), Seara de Carazinho (1981) e Musicanto de Santa Rosa (1983). Inúmeros festivais se seguiram: Gauderiada, Reponte, Ponche Verde, Reculuta, Moenda, Ronco do Bugio, Tafona, ... Chegamos a ter mais de 60 eventos num ano. São mais de 200 títulos no total. Alguns não passaram de uma ou duas edições.

Tivemos um festival de intérpretes em Caçapava do Sul que premiava o vencedor com um automóvel zero-quilômetro. Houve também uma mostra em Porto Alegre de músicas participantes de outros festivais: Tchê - o Festival dos Festivais. Com ideia semelhante aconteceu em Tramandaí o Eco dos Festivais, em que participavam somente as vencedoras de outros eventos. A Mostra Farroupilha de Nativismo, acontecida no ano do Sesquicentenário da Revolução Farroupilha, também ajudou a incentivar os festivais.




 A música gaúcha se espraiou e os festivais também. Santa Catarina começou a organizar a Sapecada da Canção em Lages e outros em várias cidades. O Paraná teve o Cante-Terra em Campo Mourão e mais alguns.

Hoje acontecem em torno de 30 ao ano no Rio Grande do Sul. Todo ano surgem novos, antigos desaparecem e alguns parados voltam a acontecer. A dinâmica depende muito da política, apoio de prefeituras e leis de incentivo, por isso há uma grande variação. Mas é um mercado que movimenta muita gente e muitos recursos, e eu gostaria de ver estudos a respeito. Tento fazer uma parte, registrando aqui o que está ao meu alcance.


Galeria



 






Fonte:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Califórnia_da_Canção_Nativa
http://festivaisnativistas.blogspot.com.br/p/historia-dos-festivais.html

Fonte Imagem:
Fonte: http://www.radioculturaam1260.com.br/noticias/noticia/geral/inscricoes-para-a-california-da-cancao-nativa-encerram-hoje/331
Fonte: http://www.riogrande.rs.gov.br/pagina/index.php/noticias/detalhes+cae6a,,rio-grande-e-uruguaiana-firmam-acordo-de-cooperacao-para-etapa-seletiva-da-california.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2014/07/1-california-da-cancao-nativa-do-rs-1971.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/2014/07/15-california-da-cancao-nativa-do-rs.html
http://musicagpd.blogspot.com.br/2012/03/california-da-cancao-nativa-do-rs-12.html
http://bagualdownloads.blogspot.com.br/search/label/Calif%C3%B3rnia%20Da%20Can%C3%A
7% C3%A3o%20Nativa
http://musicagpd.blogspot.com.br/2012/03/california-da-cancao-nativa-do-rs-14.html


Grupo Raíces de América


O forte sentimento de uma história comum latino-americana produziu há duas décadas a expectativa de um grande grupo que apresentasse espetáculos intensos e bem produzidos para grandes platéias.

Em fins de 1979, o visionário empresário Enrique Bergen, argentino radicado no Brasil, teve a feliz idéia de formar um grupo de música latino-americana que se sobressaísse dos padrões corriqueiros da época, quando os grupos do gênero mantinham características primordialmente folclóricas em seus repertórios e formações.

Raíces de América é formado então por músicos argentinos, chilenos e brasileiros, e vêm caminhando lado-a-lado com o emergente interesse pela música e cultura latina.



Enzo Merino, Oscar Segovia, Julio C. Peralta, Isabel Ribeiro, Celso Ribeiro, Tony Osanah, Mariana Avena, Freddy Góes e Willy Verdaguer - A primeira formação do Raíces de América

Em 1980, tendo a lendária Mercedes Sosa como madrinha, o Raíces de América estreou em São Paulo, com direção de Flávio Rangel, um espetáculo maravilhoso que contava com performances e arranjos ricos e modernos, iluminação, figurino e cenografia elaborados especialmente para o show, e com declamações de emocionantes poemas da América na pele da atriz Isabel Ribeiro. Nos anos seguintes vieram produções assinadas por Mirian Muniz e Cláudio Luchesi. O Raíces de América conquistou imediatamente a simpatia do público brasileiro; especialmente os estudantes, na época engajados nos movimentos Abertura e Diretas; não somente pela inegável qualidade de seus músicos, interpretes e arranjos, mas principalmente pela arrojada concepção do espetáculo, que transitava por temas políticos, folclóricos, cotidianos e musicais da América Latina com extrema alegria, sensibilidade e bom gosto.

Tantos atributos renderam ao Raíces de América a confecção de onze discos, dez deles lançados pela Gravadora Eldorado e um pela Gravadora Copacabana. Em sua participação no Festival MPB Shell no ano de 1982, promovido pela Rede Globo de Televisão, conquistou o segundo lugar com a música Fruto do Suor, composta por integrantes do grupo, canção esta que se tornou verdadeiro hino para os imigrantes latinos radicados no Brasil. Realizou duas turnês pela Europa (Espanha, Holanda e Bélgica); destacando-se a brilhante participação no prestigiado Festival Ibero-Americano de Teatro de Cádiz (Espanha).

Ao comemorar dez anos de história, o grupo ratifica suas preocupações sociais, incorporando novos temas, como, o menor abandonado, o preconceito racial e a nova problemática da América do Sul, recém saída de duas décadas de ditaduras militares. Em 1995, no Memorial da América Latina, em São Paulo, acontece o histórico Concerto Latino, unindo as sonoridades do Raíces de América e da "Banda Sinfônica do Estado de São Paulo", corpo profissional da Universidade Livre de Música "Tom Jobim". É o grande recorde de público da Temporada da Banda Sinfônica.




 O novo milênio recebe Raíces de América completando 20 anos de carreira. Com o grupo cada vez mais olhando para o interior de sua América do Sul. Cantando, como sempre cantou e sempre cantará, a "esperanza de América", que emana de todos seus povos e suas tribos, a cada dia. A raça índia sempre nascerá!


Primeira Formação
  
Mariana Avena (voz)
Tony Osanah (voz e instrumentos)
Enzo Merino (instrumentos)
Willy Verdager (voz e instrumentos)
Oscar Segovia (percussão)
Júlio César Peralta (voz e violão)
Freddy Góes (voz e instrumentos)
Celso Ribeiro (voz e instrumentos)
Isabel Ribeiro (participação especial no primeiro álbum, declamando poemas)


Formação Atual

Willy Verdaguer (Argentino - baixista e maestro)
Miriam Miràh (Brasileira - voz)
Pedro la Colina (Chileno - voz e percussão)
André Perine (Brasileiro - Violão, Guitarra, Baixo e Charango)
Oscar Segovia (Chileno - baterista)
Tadeu Passarelli (Brasileiro - cravista, guitarrista, violonista, trombonista)
Chico Pedro (Chileno - Quena, Flauta-de-pã, Tarkas, Ocarinas e Flauta transversal)
Jara Arrais (Brasileiro - maestro e arranjador)
Jica (Brasileiro - percussão)


Galeria







Fonte:
http://www.raicesdeamerica.com/portu/sol3.asp

Fonte do Espaço Galeria na ordem sequencial da apresentação:
http://www.raicesdeamerica.com/portu/sol3.asp
http://www.sescsp.org.br/programacao/83165_RAICES+DE+AMERICA
http://www.raicesdeamerica.com/portu/cd4.asp
www.embrashow.com.br/
http://www.obaoba.com.br/evento/shows/raices-de-america-sesc-belenzinho-12-02-2016

Quinteto Armorial - Discografia


O Quinteto Armorial foi um importante grupo de música instrumental brasileiro formado no Recife, em 1970, composto por Antonio Nóbrega, Antônio José Madureira, Edison Eulálio Cabral, Egildo Vieira do Nascimento e Fernando Torres Barbosa. A proposta era criar uma música de câmara erudita com raízes populares. Assim, o grupo conseguiu realizar um trabalho de síntese entre a música erudita e as tradições populares do Nordeste.

Até o final do quinteto, em 1980, foram gravados quatro LPs: “Do Romance ao Galope Nordestino” (1974), “Aralume” (1976), “Quinteto Armorial (1978) e “Sete Flechas (1980).


Discografia: Download

[1974] Do Romance ao Galope Nordestino
[1976] Aralume
[1978] Quinteto Armorial
[1980] Sete Flechas



Fonte:


https://quadradadoscanturis.blogspot.com.br/2014/04/quinteto-armorial-discografia-completa.html

Saulo Laranjeira - Discografia



Nascido em Pedra Azul, Vale do Jequitinhonha-MG, Saulo Laranjeira edificou uma arte ímpar, fundada na música, teatro, humor e poesia. Sua primeira aparição na TV foi no programa “Som Brasil”, da Rede Globo.

A galeria de seus personagens apresenta vários tipos hilários e marcantes como: Deputado João Plenário e o roqueiro Kelé Metaleira (sucessos do programa “A Praça é Nossa”, do SBT); o sambista malandro Juriti; o poeta João Macambira; o boêmio Sabiá; o hippie Zé Roberto; o repentista Zeza; o caipira Geraldinho; a benzedeira Veia Messina e o vaqueiro Zé da Silva.

Atualmente, Saulo viaja pelas estradas brasileira com seu show “Assunta Brasil”, na bagagem música, humor e poesia. No espetáculo o artista interpreta grandes clássicos da música popular brasileira como: Romaria (Renato Teixeira), Desassombrado (Antônio Carlos de Nóbrega), Leão do Norte (Lenine / Paulo César Pinheiro); alem de divertir e emocionar o público com seus múltiplos personagens.

É apresentador do programa de televisivo Arrumação que divulga o trabalho de artistas de raiz (músicos, cantores, poetas e contadores de causos) entremeado com apresentação de causos e personagens humorísticos interpretados pelo próprio Saulo.

Discografia: Download

[1985] Minas da Lua
[1988] Jeito Sonhadô
[1994] Sal
[1998] Fulô da Laranjeira




Fonte:
https://quadradadoscanturis.blogspot.com.br/2015/04/saulo-laranjeira-discografia.html#more