terça-feira, 31 de maio de 2022

"Outras Américas" de Sebastião Salgado


O livro “Outras Américas” (1986), do fotógrafo brasileiro,  Sebastião Salgado. registra os povos da América Latina e é o resultado de um trabalho fotográfico realizado entre 1977 e 1983.

Salgado saiu do litoral do Nordeste brasileiro e passou por cidades da Bolívia, Chile, Peru, Equador, Guatemala e México.

“Outras Américas” é um relato visual que impressiona pelo lirismo contido nas imagens, o que se explica pelo fato de o fotógrafo na época estar afastado do país.

Como diz no prefácio da edição, “meu único desejo era voltar à minha terra bem-amada, para meu Brasil do qual um exílio um pouco forçado me obrigou a me afastar”.

Por outro lado, é uma pesquisa rica que mostra as condições de vida dos camponeses e a resistência cultural dos indígenas latino-americanos e de seus descendentes.

As mensagens trazem a marca registrada do autor e confirmam que Salgado é um fotógrafo fascinado pelo ser humano.

As fotos dessa obra baseiam-se nesse ímpeto de fascinação, fazendo o artista primar pela captação do universo humano e geográfico.


Por essa razão, o livro é uma documentação iconográfica valiosa, em que a composição e a percepção visual enunciam a expressão do autor filtrada pelas luzes e contrastes em preto-e-branco.

No plano histórico, as 120 páginas fazem uma espécie de resumo da América Latina, evidenciando seu lado místico e religioso entremeado pela miséria e pela morte. Também mostra o quão, como Latino Americanos, colonizados, trazemos semelhanças.



Texto extraído de: https://artenocaos.com/fotografia/sebastiao-salgado-outras-americas/

"Terra" de Sebastião Salgado completa 25 anos

 

Em 17 de abril de 1996, milhares de trabalhadores sob a bandeira do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) entraram na fazenda Giacomet-Marodin, no interior do Paraná, com 83 mil hectares, uma das maiores ocupações na história do movimento, com o fotógrafo Sebastião Salgado como testemunha.

A cerca de 2.700 km dali, no mesmo dia, em uma curva de Eldorado do Carajás, no Pará, outros sem-terra, que seguiam até Belém, foram atacados pela Polícia Militar em uma ação para desbloquear a rodovia PA-150. A ação deixou 19 sem-terra mortos.

Salgado recebeu a notícia ainda no Paraná e viajou em um avião alugado para o sudeste do Pará no dia seguinte. Em meio ao sepultamento coletivo das vítimas, ele fotografou Luiza Alves sentada em uma cadeira, rodeada por pessoas, chorando a morte do filho Oziel, 17, a vítima mais jovem.

Meses antes do massacre, ela, o marido e os outros filhos tinham embarcado para Confresa (MT) porque Luiza queria ficar perto da mãe. Deixaram no Pará dois filhos: Oziel, que sonhava com um pedaço de terra que desse sossego aos pais, e Antônio, mais velho que o irmão.

“Tem muita coisa que não lembro mais, não. Da hora que eu vi ele, eu não dei conta de nada mais, fiquei por conta dos outros, sabe? Não posso olhar para [a foto], que é uma lembrança muito triste. Olho e fico mal”, diz Luiza hoje, aos 71, emocionada.

“Eu reconheci ele um pouco pela testinha, o cabelo. O rosto estava diferente. Só reconheci da testa para trás. Era ele mesmo.”

Os momentos daquele abril, época de mobilização forte do MST pelo país, são alguns dos registros feitos durante cerca de dois anos em que Salgado acompanhou o movimento, reunidos no livro “Terra” (Companhia das Letras), há 25 anos.

A ideia surgiu quando o fotógrafo acompanhava o deslocamento de populações pelo mundo e entrou em contato com o MST para entender o abandono do campo em direção às cidades no Brasil, que mudava o desenho do país.

As imagens de “Terra”, desde a vida comum nos acampamentos à dor da violência, viajaram o mundo com 2.000 kits de exposição impressos, lançamento em cidades como São Paulo, Rio e Lisboa, ajudaram na compra da sede do movimento na capital paulista e com o terreno da Escola Florestan Fernandes, em Guararema (SP).

O projeto, com prefácio do português José Saramago e músicas de Chico Buarque, teve ainda uma quarta autoria, lembra Salgado, sua esposa Lélia Wanick Salgado.

“O livro é um manifesto político feito por quatro autores. A gente só fala das minhas fotografias, do Saramago e do Chico, mas a Lélia que concebeu o livro, imaginou pela primeira vez na história da fotografia uma exposição tirada em 2.000 exemplares”, diz ele.


João Pedro Stedile, 68, da direção nacional do MST, participou do lançamento da obra e diz que chegou a acompanhar Salgado em alguns momentos, mas que o movimento não tinha dimensão do que seria o trabalho.

O contexto, diz, era um Brasil em crise econômica e social, com grande contingente de sem-terra pelo país, e ao mesmo tempo, com repressão aos movimentos.

“O livro, as fotos em cartazes, os eventos, contribuíram para a difusão da luta do MST e também lhe deram uma certa proteção de apoio da opinião pública. A nível nacional, a opinião pública brasileira, e em especial a grande imprensa, se deu conta de que o MST era um movimento justo e necessário para combater o atraso das forças produtivas no campo, gerar emprego e futuro para milhões de brasileiros olvidados”, afirma.

Entre as fotografias mais conhecidas estão dois retratos de meninas sem-terra, que viviam em acampamentos com as famílias, em busca de terra.

Uma delas, Joceli, então aos cinco anos, com olhos claros que encaram a câmera, Salgado encontrou no Paraná. Hoje, ela vive em um pré-assentamento na mesma região, ainda à espera do próprio lote e prefere não dar entrevistas.

O local onde vive é uma das 70 comunidades do MST no estado, que lutam pela regularização e formalização das terras, segundo o movimento. Há acampamentos no Paraná onde as famílias esperam há mais de 20 anos por um pedaço de terra.

A outra menina, Nete Alves Silva, também de olhar marcante, tímida pela falta de costume com a câmera, posou para ele em uma escola em Barra da Onça, Poço Redondo, no sertão de Sergipe.
Hoje, aos 34, Nete está assentada na região com o marido e o filho David Walter, de nove meses.
A foto, que ela tem em um quadro em casa, foi usada ainda na Campanha da Fraternidade, da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 1998.

“Eu lembro que a situação era difícil, a gente comia a merenda da escola, porque não tinha comida em casa”, lembra.

“O projeto da agricultura brasileira acabou sendo o agronegócio, que é a expulsão de mão de obra, agricultura em grande escala mecanizada, envenenada. Todo mundo hoje se vangloria de ter um país que tem uma grande agricultura, mas isso teve um custo social brutal, de expulsão de uma grande parte da população brasileira, que poderia ter ficado no campo, vivido de outra forma, e hoje é marginalizada nas cidades”, afirma.

“É imoral o que passou, o que se passa no campo brasileiro hoje. Tudo isso, toda essa política reacionária do campo, acabou gerando essa monstruosidade que está no poder hoje no Brasil, o Bolsonaro é o fruto de tudo isso.”

O MST é frequentemente citado pelo presidente em discursos. Stedile responde dizendo que Jair Bolsonaro (PL) defende ideias fascistas e irresponsáveis, que incitam uso de armas e violência, sem resolver questões como produção de alimentos e emprego.

“Infelizmente muitas famílias estão acampadas há muitos anos, sobretudo porque, desde a eclosão da crise capitalista em 2014, e depois com o golpe contra a Dilma, o estado brasileiro e os governos existentes abandonaram a reforma agrária e as políticas públicas de apoio ao modelo da agricultura familiar”, avalia.

Passados 26 anos desde o massacre de Carajás, Antônio, irmão de Oziel, que ficou com ele no Pará, foi assentado, e diz que dói pensar na forma como o irmão morreu.

Para Eric Nepomuceno, autor de “O Massacre: Eldorado dos Carajás: Uma história de impunidade” (Record), o episódio mostra como a Justiça brasileira é falha, quando se trata de pessoas poderosas.
“Eu definiria o massacre de Eldorado do Carajás como especialmente simbólico. Não apenas pelo número de vítimas: é que ele foi documentado. Houve testemunhas de fora, não apenas entre os sobreviventes. Ficou o registro da barbaridade não só das forças de segurança, mas também dos mandantes e da omissão criminosa de um governo estadual. O mais preocupante é que a violência contra lideranças populares dos sem-terra continua matando gente”, diz.

Há ainda cerca de 28 pessoas que se denominam mutilados de Carajás, feridos que vivem com sequelas e nunca tiveram reparação, conta Lindomar de Jesus Cunha, o Mazinho, que estava com Oziel no dia do massacre.

“Estamos trabalhando para mover uma ação contra o Estado. É uma batalha difícil, porque se passaram 26 anos, prova some, papel se acaba e hoje as pessoas precisam provar que estavam no massacre. Às vezes, a pessoa está na fita, mas como está diferente hoje, a perícia não quer reconhecer”, conta ele.

“Eu tinha 22 anos, hoje tenho 45. Tenho um pedaço de bala na perna ainda”.

No Brasil, desde a divisão de terras nas capitanias hereditárias, com a chegada dos portugueses, se perpetuou a ideia da terra como título de nobreza, quando deveria ser usada para trabalho e produção, diz Salgado.

“[Carajás é] uma lembrança marcante, mas vi coisas fabulosas em relação ao MST, vi assentamentos em Santa Catarina produzindo erva-mate, assentamentos fantásticos, vi pessoas no interior do Paraná vivendo felizes, vi escolas rústicas, escolas primárias para crianças, vi funcionar os assentamentos e isso para mim foi uma coisa colossal”, afirma.



Texto extraído de: https://guiasoumais.com.br/terra-de-sebastiao-salgado-faz-25-anos-e-personagens-de-livro-ainda-esperam-lote/

segunda-feira, 30 de maio de 2022

COTIDIANO: Gente de minha terra

 

O povo de minha terra é assim...

De cozinha esfumaçada, abraço quente e andar ligeiro

A gente de minha terra tem sonho e costela,

fala alongada e canto forte

As pessoas de minha terra são que nem bichos... Gracias!

Ah... quem me dera eu também fosse bicho de olhar arregalado só pra ser feliz como eles...

De esguio, arrebatado, sigo no caminho de minha gente,

atado de mão e mente pelo brilho da pedra negra desse Catembá


Gente de minha terra I

Frederico do Valle


🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cd Último Trem - Milton Nascimento

 



GRUPO CORPO

Depois da estreia de Maria Maria [1976], chegamos a 1980 e Paulo e Rodrigo Pederneiras falam um pouco sobre os caminhos trilhados, que aqui nos levam ao “Último Trem”, conduzido pelo mesmo trio criativo de Maria Maria – com coreografia de Oscar Araiz e música de Milton Nascimento/Fernando Brant.

“Ponta de Areia, ponto final
da Bahia-Minas, estrada natural
que ligava Minas ao porto, ao mar
caminho de ferro mandaram arrancar”.







Texto extraído de: https://grupocorpo.com.br/serie-historica-02-ultimo-trem-2/
Fonte Imagem: https://www.jobim.org/milton/handle/2010.5/651



🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cd Maria Maria/Último Trem - Milton Nascimento


GRUPO CORPO

Aqui o começo de tudo: Maria Maria, o primeiro espetáculo, estreou em 1976, um ano depois da fundação do Grupo Corpo, e é um marco na história da dança brasileira.
Milton Nascimento embarcou conosco nesta viagem e compôs a trilha do espetáculo. Fernando Brant fez o roteiro e Oscar Araiz a coreografia.



Texto extraído de: https://grupocorpo.com.br/grupo-corpo-45-anos-serie-historica-01-maria-maria/
Fonte Imagem: https://vimeo.com/413114427/5e3a0ab8f3

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Nana Caymmi

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Mudança dos Ventos - Nana Caymmi

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cd Renascer - Nana Caymmi

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Alegre Menina - Joyce Moreno e Dory Caymmi

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cd Setenta Anos - Dori Caymmi

🎧 TRAMAS MUSICAIS: Cd Rio Bahia - Joyce Moreno with Dori Caymmi

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Livro digital de acesso gratuito lança olhar contemporâneo sobre o fandango Caiçara de Cananeia


Quando um mestre do fandango caiçara pede a benção de São Gonçalo, o padroeiro dos violeiros, e começa a cantar ao som de violas, rabecas e adufes em bailes animados, uma tradição secular está se renovando em Cananeia, cidade mais meridional do litoral do estado de São Paulo. Com a missão de difundir esta que é uma das mais ricas manifestações populares brasileiras, acaba de ser lançado para download gratuito pela internet o livro “Amanhece! Patrimônio, Memória e História do Fandango Caiçara em Cananeia”, iniciativa da organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica e primeiro lançamento digital da editora independente Same Same.

Com raízes ibéricas e identidade genuinamente caiçara fortalecida no litoral Sul e Sudeste do Brasil nos últimos três séculos, o fandango caiçara é reconhecido, desde 2012, como Patrimônio Cultural Imaterial nacional. Em Cananeia, primeira vila fundada pelos portugueses no Brasil, em 1531, o fandango encontrou um terreno fértil para se desenvolver como prática festiva de integração comunitária ao final de mutirões nas comunidades tradicionais caiçaras do município. O livro “Amanhece!” revisita essa trajetória ao longo de 124 páginas com links para vídeos, áudios e até histórias em quadrinhos que buscam aproveitar o melhor das ferramentas online disponíveis para livros digitais.

Idealizado pelo educador Cleber Rocha Chiquinho e escrito por ele, pela jornalista caiçara Catharina Apolinário de Souza e pelo também pesquisador de cultura caiçara Fernando Oliveira Silva, “Amanhece! Patrimônio, Memória e História do Fandango Caiçara em Cananeia” revela a mais importante manifestação popular da cidade também pela sua faceta contemporânea. As participações crescentes de jovens e de mulheres nas apresentações musicais, poéticas e coreográficas evidenciam a renovação do fandango em meio a um cenário que conta com sete grupos em atividade no município, em uma mistura criativa de mestres e aprendizes.

Das canções passadas de pai para filho nas famílias Pereira e Neves aos desafios para manter viva a tradição no quilombo do Mandira, das diferenças entre as danças à incorporação de novos instrumentos musicais, uma série de histórias curiosas faz do livro uma referência inédita no universo da cultura popular. Tanto as entrevistas quanto as belas fotos de Maurício Velloso que se somam ao acervo do grupo foram produzidos em meio aos desafios da pandemia de Covid-19 com verba aprovada em edital pelo Programa de Ação Cultural (ProAC) 2020, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo.

“Amanhece!” é uma iniciativa multiplataforma da organização social Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica e faz parte do Programa Puxirão, que desde 2009 trabalha para salvaguardar, registrar e disseminar o fandango caiçara. Para o fandangueiro Beto Pereira, “esse trabalho vale ouro. Esta turma merece um troféu por fazer este trabalho, em plena pandemia, para valorizar o fandango, que é a minha vida e a maior alegria que tenho”, afirma. O fundador do Ponto de Cultura Povos da Mata Atlântica, Fernando Oliveira, credita todo o mérito aos fandangueiros. “O fandango é uma cultura viva que precisa ser valorizada. Nosso objetivo era lançar o livro presencialmente, com um grande baile caiçara, mas decidimos adiar devido à pandemia. Esperamos que no segundo semestre possamos realizar esse evento”, continua Fernando.

“Amanhece!” celebra a parceria do Ponto de Cultura com os jornalistas Catharina Apolinário de Souza, coautora dos textos, e Daniel Nunes Gonçalves, editor da Same Same, editora independente voltada para temas sobre diversidade cultural. O design é assinado pelo diretor de arte Ricardo Godeguez, finalista do Prêmio Jabuti em 2020, na categoria projeto gráfico, pelo livro anterior da Same Same, “Paisagens Gastronômicas”, sobre pequenos produtores de alimento do estado de São Paulo. Quem assina o prefácio é a educadora Maria Rita Basso, radicada em Cananeia. Por fim, as ilustrações ficaram por conta do criativo artista visual Bruno Romão, que tem um trabalho de pesquisa sobre cultura popular brasileira, cultura urbana e memória. Este coletivo multidisciplinar acredita na cultura, na arte e na educação como ferramentas de transformação da sociedade.

Para acessar o livro: https://bit.ly/livroamanhece



Texto extraído de: https://www.kleberpatricio.com.br/arte-cultura/livro-digital-de-acesso-gratuito-lanca-olhar-contemporaneo-sobre-o-fandango-caicara-de-cananeia/

terça-feira, 3 de maio de 2022

🎧 TRAMAS MUSICAIS: CD História Antiga - Renato Braz

🎧 TRAMAS MUSICAIS: CD Casa de Morar - Renato Braz

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Entre fronteiras da pedra e do barro - o ofício das panelas em Minas e Espírito Santo

 


Fonte Imagem:
http://www.eu-gourmet.com/2014/02/a-panela-de-barro.html
https://www.dicasonline.com/tipos-panela-fogao-a-lenha/


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Paneleiras de Goiabeiras, Vitória/ES

 

Fonte Imagem: https://m.vitoria.es.gov.br/noticias/noticia-6344

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: O Guaraná da Amazônia

 

Fonte Imagem: https://alavoura.com.br/materias/guarana-energia-em-forma-de-fruta/

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Cesto de caule do Arumã - artesanato indígena Baniwa, Amazônia

 

Fonte Imagem: https://www.saberesefazeresamazonia.com.br/cestaria

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: O Bumba Meu Boi do Maranhão - Patrimônio Cultural da Humanidade

 

Fonte Imagem: https://razoesparaacreditar.com/bumba-meu-boi-patrimonio-humano/

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Lavadeiras em Lençóis/BA

 

Fonte Imagem: https://fotonatural.photoshelter.com/image/I000007jjjh9XpVs


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Os Retirantes do Mestre Luiz Antônio - Alto do Moura, Caruaru/PE

 

Fonte Imagem: http://artepopularbrasil.blogspot.com/2012/09/mestre-luiz-antonio.html

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Rendeira e a cultura açoreana em Florianópolis/SC

 

Fonte Imagem: https://www.cidadeecultura.com/renda-de-bilro-em-florianopolis/



UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: O chimarrão gaúcho/RS

 

Fonte Imagem: https://wikipampa.blogspot.com/2014/09/preparo-do-chimarrao.html



UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Cultura pantaneira/MS


Fonte Imagem: https://pt-br.facebook.com/corumbaincrivel/photos/a.1574346979492159/1702850206641835/?type=3&theater


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Modo de fazer da Viola de Cocho - Centro-Oeste

 

Fonte Imagem: http://portal.iphan.gov.br/pagina/detalhes/57

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Seu Miguel, violeiro do município de São Francisco, no Norte do MG

 

Fonte Imagem: https://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/iepha-mg-comemora-um-ano-de-registro-da-viola-caipira-e-lanca-publicacao

UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Congadeiros em Ouro Preto/MG

 

Fonte Imagem: https://outrosrelatos.com.br/ouro-preto/conheca-celebracao-do-congado-em-ouro-preto/



UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Artesão e o ofício da pedra sabão em Mariana/MG


 Fonte Imagem: https://www.hojeemdia.com.br/minas/panelas-de-pedra-sab-o-alimentam-cultura-imaterial-em-mariana-1.238431


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Grupo Os Coroas Cirandeiros em uma rua de Paraty/RJ

 

Fonte Imagem: http://www.ocotidiano.com.br/2012/10/arte-de-rua-os-coroas-cirandeiros-de.html


UMA IMAGEM, MIL PALAVRAS: Folia de Reis em Juiz de Fora/MG

 

Fonte Imagem: https://pjf.mg.gov.br/noticias/view.php?modo=link2&idnoticia2=67249



segunda-feira, 2 de maio de 2022

O Brasil imaginado em quadrinhos na revista Pererê (1960- 1964)

  

Através das conexões entre arte e política; procuramos compreender como o Brasil foi imaginado nas páginas da revista em quadrinhos Pererê (out. 1960- abr. 1964); de Ziraldo. Defendemos que esta construção se dá tanto do ponto de vista estético quanto do político-institucional: Pererê; publicada pela Editora O Cruzeiro e primeira revista em quadrinhos de autor brasileiro a contar com grandes tiragens no concorrido mercado brasileiro; lançou histórias sobre Revolução Cubana; Brasília; brincadeiras infantis; um Papai Noel estrangeiro e uma versão fora de forma e gananciosa de Tarzan; por exemplo. Ao mesmo tempo; artistas organizavam-se em torno da reserva legal de mercado para o quadrinho nacional dentre eles; Ziraldo. Sendo assim; a pesquisa procura analisar como Ziraldo; através de Pererê; pôde conciliar o caráter autoral de sua obra com as necessidades do mercado de quadrinhos e com as discussões gerais em torno de temas como nacionalismo e cultura popular presentes naquele período e como tudo isso contribuiu para uma visão imaginada do Brasil.






O Brasil visto do Sítio

 

Com grande precisão Monteiro Lobato (1882-1948) resumiu numa frase o credo de sua vida: “Um país se faz com homens e livros”. Ele tentou melhorar, modernizar e reunir, sem grande sucesso, este trio e por causa dessa mesma trinca amargou críticas ferozes, incompreensão e desilusão. Ele meteu o “narizinho” em todos os aspectos da sociedade brasileira com uma sabedoria digna de Dona Benta, atacando o conhecimento antiquado dos “sabugosas” e acertando o atraso nacional com um bodoque certeiro. Parecia ter tomado uma “pílula falante” e sua “torneirinha” e jorrava vitupérios contra os males nacionais. Foi, acima de tudo, um poço de contradições.

O caipira Chico Bento e a preservação do nacional na obra de Maurício de Sousa

  


A presente dissertação aborda como o mundo rural e o caipira são vistos na obra de Mauricio de Sousa. Através da análise dos quadrinhos de Chico Bento veiculados em revistas, o trabalho destaca como o mundo rural relaciona-se com o nacional, e como as histórias deste personagem são marcadas pela ideia de preservação e por uma lógica normatizadora.

Para acessar a dissertação na íntegra: https://tede.ufrrj.br/jspui/handle/tede/630

Breve história da Fotografia


1515 - O italiano Leonardo da Vinci descreve cientificamente a câmera escura. Precursora das câmeras fotográficas atuais, consiste em uma sala totalmente escura, com um pequeno orifício em uma das paredes através do qual a luz passa, projetando imagens invertidas dos objetos externos na parede oposta à abertura. No final do século XVI, colocam-se lentes no orifício para melhorar a projeção das imagens. Nesse período, a câmera escura era usada pelos pintores para copiar imagens da natureza.

1727 - O professor alemão Johann Heinrich Schulze constata que a luz provoca o escurecimento de sais de prata. Essa descoberta, em conjunto com a câmera escura, fornece a tecnologia básica para o posterior desenvolvimento da fotografia.

1826 - O físico francês Joseph Nicéphore Niépce consegue fixar a primeira imagem fotográfica conhecida, uma paisagem campestre vista da janela de sua casa. Ele coloca uma placa sensibilizada quimicamente dentro de uma câmara escura com orifício para exposição à luz, processo que demora, na época, oito horas.

1835 - O pintor francês Louis Daguerre descobre que placas de cobre cobertas com sais de prata conseguem captar imagens, que podem se tornar visíveis ao ser expostas ao vapor de mercúrio. Isso o leva a desenvolver, em 1939, o daguerreótipo, aparelho capaz de fixar a imagem com um tempo menor de exposição (em geral 30 minutos), o que possibilita realizar fotografias mais rápidas. Cada uma ainda é exemplar único, do qual não é possível fazer cópias.

1839-1840 - O físico britânico William Henry Fox Talbot cria uma base de papel emulsionada com sais de prata que registra uma matriz em negativo a partir da qual é possível fazer cópias positivas. Esse processo, chamado de calótipo e patenteado em 1841, é mais barato do que o de Daguerre, tornando a fotografia mais acessível e mais presente na vida das pessoas. Entre 1844 e 1846, Talbot publica The Pencil of Nature, o primeiro livro ilustrado com fotografias.

1840 - O norte-americano Alexander Wolcott abre o primeiro estúdio fotográfico do mundo em Nova York (EUA), onde realiza pequenos retratos com um daguerreótipo. No ano seguinte, começa a funcionar o primeiro estúdio europeu, em Londres (Reino Unido), dirigido pelo fotógrafo britânico Richard Beard.

1851 - O escultor britânico Frederick Scott Archer desenvolve o processo chamado de colódio úmido, negativo feito sobre placas de vidro sensibilizadas com uma solução de nitrocelulose com álcool e éter. O fotógrafo tem de sensibilizar a placa imediatamente antes da exposição e revelar a imagem logo depois. Esse processo é 20 vezes mais rápido que os anteriores e os negativos apresentam uma riqueza de detalhes semelhante à do daguerreótipo, com a vantagem de permitir a produção de várias cópias.

1854-1910 - Nesse período se desenvolve o movimento denominado pictorialismo, que se caracteriza por uma tentativa de aproximação da fotografia com a pintura. Para isso, os fotógrafos retocam e pintam as fotos, riscam os negativos ou embaçam as imagens. Também empregam em suas obras composições e assuntos característicos da pintura. Seus temas são, em geral, paisagem, natureza-morta e retrato. Entre os grandes fotógrafos dessa fase está o francês Félix Nadar, o primeiro a realizar fotos aéreas a partir de um balão, em 1858. Apesar do preconceito de alguns pintores em relação à fotografia, vários se baseiam em fotos para pintar, como os franceses Ingres e Delacroix e, posteriormente, muitos impressionistas.

1855 - O britânico Roger Fenton fotografa durante quatro meses a Guerra da Criméia (1853-1856). Para fazer seu trabalho, transforma uma carruagem puxada por cavalos em quarto escuro, onde revela as chapas. Ao todo, produz 360 fotografias. Realiza assim a primeira grande documentação de uma guerra e dá início ao fotojornalismo.

1861-1865 - O norte-americano Mathew Brady faz a cobertura da Guerra Civil Americana e torna-se um dos primeiros fotojornalistas do mundo.

1871 - O médico britânico Richard Maddox cria as chapas secas de gelatina com sais de prata, em substituição ao colódio úmido. Fabricadas em larga escala a partir de 1878, marcam o início da fotografia moderna. A grande vantagem em relação ao colódio úmido é que os fotógrafos podem comprar as chapas já sensibilizadas quimicamente, em vez de ter de prepará-las antes da exposição.

1878 - O inglês Edward Muybridge reproduz em fotografia o movimento de um cavalo galopando.

1880 - Publicação da primeira fotografia pela imprensa, na capa do jornal Daily Herald, de Nova York (EUA). Mas somente no início do século XX o uso de fotografias nos jornais e revistas torna-se comum.

1882 - O francês Aphonse Bertillon inventa o sistema de identificação de criminosos por meio da ampliação fotográfica das impressões digitais.

1888 - O norte-americano George Eastman desenvolve a primeira câmera portátil, a Kodak, vendida com um filme em rolo de papel suficiente para tirar 100 fotografias. Terminado o rolo, o cliente manda a câmera inteira para a empresa Eastman, que revela o filme e faz as cópias, devolvendo o aparelho com um novo rolo de filme. O lema da Eastman é"Você aperta o botão, nós fazemos o resto". A simplicidade da câmera Kodak é responsável pela popularização da fotografia amadora. No ano seguinte, Eastman substitui o filme de papel por um de plástico transparente à base de nitrocelulose.

1902 - O norte-americano Alfred Stieglitz funda o movimento fotossecessão, no qual a foto passa a ser valorizada como expressão artística própria, diferente das demais artes. Os fotossecessionistas defendem a fotografia sem retoques ou manipulação nos negativos e nas cópias, em reação ao pictorialismo. A fotografia se aproxima do abstracionismo, com ênfase na forma e não no objeto em si. O trabalho dos fotossecessionistas é divulgado pela revista Camera Work, fundada por Stieglitz e publicada entre 1903 e 1917. Edward Steichen, Alvin Langdon Coburn e Paul Strand estão entre os principais nomes do movimento.

1907 - Os franceses Auguste e Louis Lumière introduzem o autochrome, o primeiro processo fotográfico colorido. Consiste de uma placa de vidro coberta com grãos de amido tingidos (que agem como filtros para as cores primárias) e de poeira preta (que bloqueiam a luz não filtrada pelo amido). Sobre essa placa preparada é colocada uma fina camada de emulsão pancromática (sensível a todas as cores), obtendo-se uma transparência colorida positiva.

1908 – A Universidade do Texas, em Austin (EUA), torna-se pioneira no ensino universitário ao criar uma cadeira de fotojornalismo.

1915 - Com o aperfeiçoamento dos processos de impressão, os jornais diários começam a utilizar a fotografia com mais freqüência para ilustrar as reportagens, em substituição ao desenho. A presença de fotos na imprensa firma-se com os jornais Daily Mirror, de Londres (Reino Unido), e Ilustrated Daily News, de Nova York (EUA).

1919-1938 - Ao final da I Guerra Mundial, a fotografia liga-se a movimentos artísticos de vanguarda, como o cubismo e o surrealismo. Fotógrafos como o norte-americano Man Ray e o húngaro László Moholy-Nagy trabalham em estreita ligação com pintores e outros artistas. As técnicas de fotomontagem (manipulação de negativos) e fotograma (imagem direta sobre o papel fotográfico, sem o uso do negativo e da câmera) são amplamente usadas.

1923 - O norte-americano Edward Weston introduz a fotografia pura, sem retoques ou manipulações. Ele adota o uso mais realista e direto da câmera, com certa ênfase na forma abstrata, porém sem impedir a identificação do objeto fotografado.

1925 - Na Alemanha surge um estilo realista conhecido como Nova Objetividade, que propõe uma fotografia puramente objetiva, em oposição ao pictorialismo. Seu maior representante é Albert Renger-Patzsch, autor de fotografias que se caracterizam por linhas fortes, documentação factual e grande realismo. Outro expoente do movimento é August Sander.

1925 - A empresa alemã Leitz começa a comercializar a primeira câmera fotográfica 35 mm, a Leica, inventada pelo engenheiro Oskar Barnack. Ela dá um grande impulso ao fotojornalismo por ser silenciosa, rápida, portátil e por ter disponíveis diversos tipos de lente e acessórios.

1928-1929 - O fotojornalismo desenvolve-se na Alemanha nas revistas Berliner Illustrierte e Münchener Illustrierte Presse. Os principais nomes dessa época são o alemão Erich Salomon e o britânico Felix Man.

1929 - As fotografias começam a ocupar grande espaço na publicidade, considerada um dos principais processos de criação artística nesse período. Vários profissionais importantes na época, como Cecil Beaton, Man Ray, Moholy-Nagy e Edward Steichen, fazem fotografias publicitárias paralelamente a seu trabalho artístico pessoal.

1932 - O francês Henri Cartier-Bresson começa sua carreira como fotojornalista, desenvolvendo um estilo definido por ele como a busca pelo "momento decisivo", isto é, pelo instante fugaz em que uma imagem se forma completamente em frente à câmera. Por isso, não realiza nenhum tipo de retoque ou manipulação das imagens. Cartier-Bresson torna-se o mais influente fotojornalista de sua época. Entre os seguidores de seu estilo estão Robert Doisneau, Willy Ronis e Edouard Boubat. Ainda em 1932, ocorre a fundação do grupo f64, nos Estados Unidos (EUA), pelos fotógrafos Ansel Adams, Edward Weston e seu filho Brett, Willard Van Dyke, Imogen Cunningham e Sonia Noskowiak. O nome refere-se à mínima abertura das lentes (diafragma), que permite a máxima profundidade de campo com o máximo de nitidez, a principal proposta do grupo.

1933 - O norte-americano Harold Edgerton desenvolve o flash eletrônico.

1935 - Os norte-americanos Leopold Godowsky Jr. e Leopold Mannes inventam o filme Kodachrome, que permite a obtenção de transparências (slides) coloridas com grande riqueza de detalhes e de tons, próprias para reprodução ou projeção.

1935-1943 - A Farm Security Administration, entidade criada pelo presidente norte-americano Franklin Roosevelt para estudar e diminuir os problemas da população rural dos Estados Unidos (EUA) durante a Grande Depressão, recorre à fotografia para registrar suas atividades, o que dá impulso à fotografia documental e de denúncia social. Destacam-se os trabalhos dos fotógrafos Walker Evans, Dorothea Lange, Margareth Bourke-White, Ben Shahn, Arthur Rothstein e Gordon Parks.

1936 - O norte-americano Henry Luce, um dos criadores da revista Time, funda a revista Life, nos Estados Unidos (EUA), com o objetivo de substituir a fotografia acidental, improvisada, por uma edição de fotografia planejada. Os fotógrafos a serviço da revista, um marco da fotorreportagem mundial, são pautados para cada matéria e encorajados a produzir uma grande quantidade de imagens para dar mais opções de escolha aos editores. Vários dos principais nomes do fotojornalismo mundial trabalham para a Life, entre eles Robert Capa, que faz a cobertura de guerras em todo o mundo, durante vinte anos, até morrer no Vietnã, ao pisar em uma mina terrestre. Entre suas fotos mais famosas estão Morte de um Soldado Legalista (soldado sendo alvejado na Guerra Civil Espanhola, entre 1936 e 1939) e a série de imagens feitas durante o desembarque das tropas aliadas na Normandia, em 1944, durante a II Guerra Mundial.

1942 - A Kodak introduz o filme Kodacolor, negativo colorido que permite a confecção de cópias em cores. Em 20 anos, o Kodacolor torna-se o filme mais popular entre os fotógrafos amadores. A empresa alemã Agfa, que havia desenvolvido o processo negativo-positivo colorido Agfacolor em 1936, começa a comercializá-lo apenas em 1949, devido à eclosão da II Guerra Mundial.

1945 - A empresa austríaca Voigtländer desenvolve as lentes zoom, que permitem fotografar objetos situados a grande distância da câmera.

1947 - Os fotógrafos Robert Capa, Daniel Seymour, Henri Cartier-Bresson e George Rodger fundam nos Estados Unidos (EUA) a agência cooperativa Magnum. Nela trabalham os principais nomes do fotojornalismo mundial, entre eles o norte-americano Eugene Smith, o suíço Werner Bischof e o brasileiro Sebastião Salgado.

1948 - O norte-americano Edwin Land desenvolve a câmera Polaroid, que tira fotos instantâneas em preto-e-branco.

Década de 50 - Após a II Guerra Mundial, uma corrente da fotografia volta a passar por uma fase abstracionista e deixa de ter o compromisso de registrar a realidade. Adota-se o uso expressivo e emocional das imagens. Nessa linha se destaca o trabalho do norte-americano Minor White. Para ele, a fotografia deve ser transformada para que o espectador perceba a mensagem interior da imagem, não visível na superfície. Outros representantes dessa corrente são Aaron Siskind, Harry Callaham e Bill Brandt. No fotojornalismo, a cobertura fotográfica dos acontecimentos no pós-guerra ganha fôlego com as revistas Time e Newsweek, nos Estados Unidos (EUA); Paris Match, na França; e Der Spiegel e Stern, na Alemanha.

1955 - O fotógrafo norte-americano Edward Steichen organiza no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) a exposição The Family of Man, uma seleção de cerca de 500 fotos tiradas em 68 países que registram todas as fases da vida humana, do nascimento à morte. A exposição, que teve grande repercussão mundial e se tornou um marco da fotografia documental, é levada a vários países e dá origem a um livro com diversas edições.

1959 - Lançamento do livro The Americans, do fotógrafo norte-americano Robert Frank, registro fotográfico da viagem que fez pelos EUA com o poeta beat Jack Kerouac. Frank rompe com a tradição da fotografia documental, imparcial e distante, dando às suas imagens um caráter subjetivo.

Década de 60 - Nesse período se desenvolve um grande intercâmbio entre o trabalho de fotógrafos e artistas plásticos. Muitos fotógrafos usam técnicas manuais de manipulação de imagens, como retoques e pinturas de negativos e de cópias. Os pintores, por sua vez, imitam a visão fotográfica (figurativa) e introduzem fotos em suas obras, por meio de colagem ou reprodução em silkscreen, como ocorre na pop art, nos trabalhos dos norte-americanos Andy Warhol e James Rosenquist. A fotografia também é bastante utilizada pela arte conceitual, como meio para a expressão de um conceito.

1962 - Os norte-americanos Emmett Leith e Juris Upatnieks e o soviético Yuri Denisyuk desenvolvem simultaneamente a holografia, fotografia em três dimensões obtida por meio da exposição de um filme ou chapa à luz de raio laser refletida em um objeto.

Década de 70 - As fotografias ganham maior importância como obras de arte. Começam a ser produzidas com mais freqüência em formato de livro, são exibidas em galerias e museus e compradas por colecionadores. A fotografia passa também a ser objeto de estudo acadêmico, como arte que deve ser compreendida e estudada, a exemplo das 
demais manifestações artísticas (pintura, música, literatura, entre outras). A fotografia documental continua a ser desenvolvida, apesar de ter perdido espaço para a televisão e o cinema. Aumenta o uso da cor, em especial na fotografia de moda e de publicidade.

Década de 80 - Nesse período, é reforçada a visão da fotografia como obra capaz de transmitir informação e prazer, mas também como meio de comunicar mensagens políticas e sociais. Cresce a importância da imagem fotográfica como instrumento da publicidade. Um dos principais nomes da fotografia publicitária é o italiano Oliviero Toscani, que causa polêmica com as campanhas para a grife Benetton, iniciadas em 1982, ao tratar de questões como violência e racismo em seus trabalhos. Técnicas antigas de reprodução voltam a ser utilizadas para a produção de imagens mais elaboradas e verifica-se uma tendência a reduzir o número de cópias de uma fotografia.

1981 - O brasileiro Sebastião Salgado torna-se mundialmente conhecido ao ser o único fotógrafo a registrar a tentativa de assassinato do presidente norte-americano Ronald Reagan. Representante da fotografia documental, Salgado se destaca nos anos 80 e 90 por suas grandes fotorreportagens de denúncia social, publicadas em livros como Sahel: l'Homme en Détresse (1986), Trabalhadores (1993) e Terra (1997).

Década de 90 - Intensifica-se o uso das câmeras digitais, principalmente no fotojornalismo e na publicidade. Nessas câmeras, o filme é substituído por um disco ou cartão de memória no qual as imagens são armazenadas digitalmente. Elas podem, assim, ser transmitidas por meio de linha telefônica para um computador em qualquer lugar do mundo de forma extremamente rápida, já que o processo digital elimina a necessidade de revelação e ampliação.

1993 - Glass Tears, de Man Ray, torna-se a fotografia mais cara do mundo, ao ser vendida por 65 mil dólares.

1997 - A Maison Européenne de la Photographie (França) realiza a exposição Des Européens, que apresenta 20 fotos inéditas de Henri Cartier-Bresson. A mostra reúne ainda outras 160 imagens realizadas pelo fotógrafo francês entre os anos 30 e 70.

2000 - Sebastião Salgado expõe seu trabalho mais recente, Êxodos, em diversas cidades do mundo, como Nova York, Paris, São Paulo, Barcelona, Lisboa, Roma, Madri, Londres e Berlim. O acervo reúne 350 fotos, além de textos de sua autoria. Êxodos é uma continuação do projeto anterior, Trabalhadores, e procura mostrar o drama da migração humana provocada por guerras, pobreza ou questões religiosas e políticas. O trabalho é realizado durante mais de sete anos, em 47 países.
Os funcionários da agência Sygma, em Paris (França), entram em greve, em protesto contra a decisão dos proprietários de reformular os contratos dos fotógrafos, que se tornariam os únicos responsáveis por seus gastos em viagens de trabalho, trabalhando a partir de então em regime de free-lance. 

2001 - A exposição "Shifting Tides: Cuban Photography After the Revolution", na Grey Art Gallery da New York University, obtém grande repercussão por reunir três gerações de fotógrafos cubanos. Profissionais como José A. Figueora, Rogelio López Marín (Gory) e José Manuela Fors apresentam mais de 100 fotografias que retratam cidadãos comuns na Cuba de hoje e imagens da Revolução Cubana. No mesmo ano, o fotógrafo norte-americano Richard Drew, da agência Associated Press, tira 215 fotografias nas proximidades do World Trade Center logo após o atentado terrorista de 11 de setembro em Nova York (EUA); uma delas, que registra o salto suicida de um homem não identificado, é publicada em todo o mundo, recebe um prêmio da World Press Photo e provoca debate sobre os limites éticos da publicação de fotos de tragédias.

2002 - Montreal e Toronto (Canadá) sediam, em 2002, a exposição anual da World Press Photo, o maior evento fotográfico do mundo, criado em 1955. Foram inscritas cerca de 49 mil fotos, de 4.171 fotógrafos de 123 países. Pela primeira vez, mais da metade foi tirada em suporte digital. Boa parte das cerca de 200 fotos selecionadas trata em alguma medida dos atentados terroristas de 11 de setembro e de suas conseqüências. A exposição percorre outros 35 países. No mesmo ano, o Museu de Arte de Cincinnati exibe uma retrospectiva de Weegee, pseudônimo do norte-americano Arthur Fellig (1899-1968), lendário fotógrafo de crimes que se tornou um dos mais influentes profissionais do fotojornalismo ao trabalhar durante a primeira metade do século XX na cobertura policial e humana de Nova York (EUA). A Andrea Rosen Gallery de Nova York (EUA) e Galerie du Jour de Paris (França) expõem a obra do norte-americano Ryan McGinley, jovem formado pela Parson's School of Design de Nova York e saudado como um dos principais fenômenos da fotografia nos últimos anos. A matéria-prima das fotos é seu próprio cotidiano.

2003 - O trabalho do fotógrafo francês de 94 anos, Henri Cartier-Bresson, referência mundial em fotografia, é apresentado em retrospectiva na Biblioteca Nacional da França, em Paris. Na mostra, o fotógrafo, que não gosta de se expor, apresenta retratos seus. Além da retrospectiva, Cartier-Bresson ganha uma fundação, com o objetivo de promover os trabalhos de outros fotógrafos e as criações de pintores, escultores, desenhistas, cineastas e arquitetos. Além disso, lança o Prêmio Internacional Henri Cartier-Bresson, no valor de 30 mil euros, a ser concedido a cada dois anos como forma de incentivo à criação na área de fotografia. A Galeria Henri Cartier-Bresson abre as portas com uma mostra de 90 fotos de fotógrafos de todo o mundo escolhidas por ele. O brasileiro Sebastião Salgado está no grupo, com uma foto de Serra Pelada. A primeira foto da história, intitulada "Vista da Janela em Le Gras", é exibida em Austin, nos Estados Unidos. A foto foi feita da janela de uma fazenda na França, em 1826, por Joseph Nicephore Niepce. A galeria Whitechapel, em Londres, expõe duas séries do fotógrafo norte-americano Philip-Lorca diCorcia: "A Storybook Life", que reúne 70 imagens feitas ao longo de duas décadas e "Two Hours", que reúne fotos tiradas de um mesmo ponto de vista, numa esquina de Havana, ao longo de duas horas, sem o conhecimento prévio das pessoas fotografadas. A iluminação torna essas cenas tão artificiais quanto retratos posados, embora sua matéria-prima seja o imprevisto e o acaso. 

2004 – Em Houston, a FotoFest 2004 confirma sua importância entre os eventos do gênero com o tema Os desafios e os problemas com a água no novo milênio. Em Londres, a Hayward Gallery expõe uma longa retrospectiva com obras do francês Jacques Henri Lartigue (1894-1986). O Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) surpreende com uma mostra de fotografias de moda – Fashioning Fiction in Photography since 1990 –, em que o trabalho artístico e comercial se cruzam. Em novembro, é organizado o primeiro Mês Europeu da Fotografia. Em Paris, Berlim e Viena, vários museus, galerias e salas abrigam diversas exposições simultâneas que vão das origens da fotografia à produção contemporânea. Pierre Verger e Mario Cravo Neto são contemplados em Berlim.


Fonte: ALMAMANQUE ABRIL - 2005. São Paulo: Editora Abril, 2005.
Fonte Imagem: http://www.adital.com.br 

Desenho - história dos quadrinhos no Brasil


Século XIX – Em 1869, Angelo Agostini, italiano radicado no Brasil, inicia as novelas ilustradas com As Aventuras de Nhô Quim, publicadas na revista Vida Fluminense. Na década seguinte funda a Revista Ilustrada, na qual desenvolve As Aventuras de Zé Caipora (1876).

1905 – Surge O Tico-Tico, a primeira revista infantil brasileira a publicar história em quadrinhos, lançada pelo jornalista Luís Bartolomeu de Souza e Silva. Publicada em cores, pela editora O Malho, é inspirada na revista francesa La Semaine de Suzette, cuja personagem principal recebe no país o nome de Felismina. Exceto por algumas criações  nacionais – como Jujuba, de Jota Carlos; Chico Muque, de Max Yantok; e Reco-Reco, Bolão e Azeitona, de Luís Sá –, a maioria dos desenhos e histórias são reproduções de originais estrangeiros. O mais famoso personagem, Chiquinho, é uma cópia de Buster Brown, de Richard Outcault. As décadas seguintes testemunham algumas tentativas de publicação de histórias em quadrinhos no país, com as revistas O Tatuzinho, O Juquinha e O Cômico Infantil, que atingem relativo sucesso, mas acabam por desaparecer em poucos anos dos pontos-de-venda.

1934 – Adolfo Aizen impulsiona a produção de quadrinhos no país ao editar o Suplemento Infantil, encarte semanal do jornal carioca A Nação. Com o sucesso alcançado, a publicação torna-se independente e adota o nome de Suplemento Juvenil. Além do primeiro personagem brasileiro a alcançar projeção nacional –Roberto Sorocaba, criação de Monteiro Filho –, traz também histórias estrangeiras, como Flash Gordon, Mandrake, Tarzan, Popeye e Mickey.

1937 – Para concorrer com o Suplemento Juvenil, o jornalista e empresário Roberto Marinho lança o Globo Juvenil, consegue exclusividade com a King Features Syndicate (1939) e passa a publicar quase todos os grandes sucessos do concorrente. Renato Silva, com A Garra Cinzenta, é o precursor das histórias de terror. A história é publicada na Gazetinha, em São Paulo.

1939 – Lançamento de Gibi, nome que até hoje é sinônimo de revista em quadrinhos. Em seu primeiro número apresenta, entre outras histórias, Li’l Abner (Ferdinando), de Al Capp; César e Tubinho, de Roy Crane; e Barney Baxter, de Frank Miller.

Década de 1940 – A Editora Brasil-América (EBAL), fundada em 1945 por Adolfo Aizen, intensifica a produção dos comic books. Entre seus títulos estão a Edição Maravilhosa e o Álbum Gigante, que traziam a quadrinização de romances clássicos brasileiros, com desenhos de André Le Blanc, Nico Rosso, José Antonio Rossin e Nilo Cardoso, introduzidos por belíssimas capas do pintor Antonio Euzébio. Nessa época se destacam as revistas Gibi Mensal, O Gury, O Lobinho e o Globo Juvenil Mensal.

Década de 1950 – Victor Civita funda a Editora Abril e lança a revista O Pato Donald, o primeiro dos personagens Disney que traz para o Brasil. Surgem histórias de terror que revelam nomes como Jayme Cortez, Rodolfo Zalla, Júlio Shimamoto, Eugênio Colonnese, Nico Rosso e Flávio Colin. Péricles sobressai com O Amigo da Onça (1952), publicado durante vinte anos em O Cruzeiro. Em 1959, Pererê inova ao tratar de temas como reforma agrária e ecologia. Seu autor, Ziraldo Alves Pinto, cria outros personagens tipicamente brasileiros, como The Supermãe e O Menino Maluquinho. Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, desenvolve os catecismos, quadrinhos pornográficos vendidos clandestinamente.

Década de 1960 – Com A Turma da Mônica, Mauricio de Sousa dá início ao maior sucesso editorial na área de quadrinhos já obtido no país, trabalhando com produção em série e merchandising. Apesar da concorrência com os quadrinhos norte-americanos, exporta para os Estados Unidos, a Europa e a América Latina. Outros destaques são O Pato (1966), de Cecília Alves Pinto; e o Capitão Cipó (1968), de Daniel Azulay.

Década de 1970 – Durante o regime militar, os quadrinhos de crítica social destinados a adultos sofrem censura. Há trabalhos isolados, como o de Henfil, com Os Fradinhos no Pasquim e A Graúna no Jornal do Brasil; e o de Jaguar, com Chopinics. O Balão, fanzine nascido na Universidade de São Paulo (USP) em 1972, revela Luís Gê, Laerte, Kiko, Angeli e Paulo e Chico Caruso. No início de 1970, a Editora Abril publica a revista Mônica, com o mais famoso personagem de Maurício de Sousa, que rapidamente atinge grande sucesso e sinaliza para o posterior predomínio do autor nos quadrinhos infantis. A revista Crás, pela mesma editora, que almejava abrir espaço para os autores brasileiros, não atinge sucesso, sendo cancelada depois de alguns números.

Década de 1980 – A imprensa abre espaço para os quadrinhos de Laerte (Piratas do Tietê), Glauco (Geraldão) e Angeli (Chiclete com Banana), além de Chico e Paulo Caruso (Avenida Brasil) e Fernando Gonsales (Níquel Náusea). Angeli, Laerte e Glauco se unem para lançar Los 3 Amigos. Luís Fernando Veríssimo destaca-se com as tiras Ed Mort, ilustradas por Miguel Paiva, e Família Brasil.

Década de 1990 – A crise econômica afeta fortemente o mercado de quadrinhos. Muitos profissionais passam a ilustrar roteiros para outros países, especialmente os Estados Unidos. Otávio Cariello, por exemplo, inspira-se nas características físicas do ex-presidente Fernando Collor e do ex-ministro Delfim Netto para compor os personagens da série norte-americana A Rainha dos Condenados (1993), baseada no romance de Anne Rice. A tentativa de quadrinizar nomes populares da televisão, como Os Trapalhões e Xuxa, não garante bons resultados, e as publicações fecham depois de alguns anos. Uma das exceções é o personagem Senninha, que sobrevive até abril de 1999, graçasà Fundação Ayrton Senna. Diversas editoras independentes que publicam somente quadrinhos nacionais, como a revista Metal Pesado, também encerram suas atividades. No final da década, alguns desenhistas que fizeram sucesso nos Estados Unidos, como Marcelo Campos e Marcelo Cassaro, voltam para o Brasil e publicam histórias próprias, esporadicamente. Entre as criações isoladas têm destaque Gatão de Meia Idade, de Miguel Paiva; Amazônia, Pantanal e Tietê, da série Ecologia em Quadrinhos, de Cláudia Lévay; e O Boi das Aspas de Ouro, de Flávio Colin. Apoiada pelo governo do estado de São Paulo, a dupla Paulo Garfunkel e Líbero Malavoglia lança os álbuns O Vira-Lata, edições dirigidas aos presidiários da Penitenciária do Estado. As histórias de aventura, ação, crime e sexo divulgam o uso de preservativos. A grande quantidade de fanzines aponta uma nova tendência: os adolescentes preferem fazer quadrinhos a lê-los. Quadrinhos interativos começam a aparecer na Internet, como Netxcalibur, produzido por Luiz Gê.

Anos 2000 – Predominam as adaptações de desenhos animados japoneses infantis para revistas em quadrinhos, como os personagens da série Pokémon. A Editora Abril publica os trabalhos de Alex Ross e Paul Dini, álbuns pintados como fotorrealismo. As histórias Super-Homem – Paz na Terra, Batman – Guerra ao Crime e Shazam – O Poder da Esperança têm como característica não possuírem balões de fala, algo incomum nas histórias desses personagens. 

No fim de 2000, surge nas bancas brasileiras Dragon Ball, mangá publicado em português pela Editora Conrad, que mantém a paginação, o formato de leitura e as onomatopéias originais da publicação japonesa. É o primeiro de uma série de títulos de mangás com as mesmas características editoriais a serem publicados no país nos anos seguintes, entre os quais se destacam Samurai X, Vagabond, Fushigi Yugi, Neon Genesis Evangelion e Sakura Card Captors. Em 2001, a compilação das aventuras de O Gralha chega às bancas. Mistura de Flash Gordon e Super-Homem, o personagem foi criado por Francisco Iwerten nos anos 40, e novas histórias vêm sendo criadas coletivamente por quadrinistas de Curitiba. 

A Editora Abril deixa de publicar os super-heróis Marvel no país. Os títulos são assumidos pela Panini Comics Brasil, que também lança os personagens da DC Comics e se firma como a editora com o maior número de títulos de revistas em quadrinhos no mercado brasileiro. 

A Editora Ópera Gráfica lança o álbum O Filho do Urso e Outras Histórias, de Flávio Colin (1930-2002), publicado postumamente. Com a publicação de A Soma de Tudo - Parte 2, Lourenço Mutarelli conclui a série de álbuns rotagonizados pelo detetive Diomedes. 

Já consagrados nos jornais, Fernando Gonzales e Laerte publicam coletâneas. Em 2004, Mutarelli também lança a sua, Mundo Pet, com histórias publicadas originalmente no site Cybercomix.

GALERIA








Fonte: 
ALMAMANQUE ABRIL - 2005. São Paulo: Editora Abril, 2005.
Fonte do Espaço Galeria na ordem sequencial da apresentação:
(01) http://todanovidade.com.br/curiosidades/fotografia-artistica/
(02) http://384ac.com.br/literatura/escritor-ziraldo-diz-bienal-livro-que-pais-nao-percebem-como-filhos-ficaram-idiotas/#
(03) http://zelhumortotal.blogspot.com.br/2010/10/ziraldo-caricatura-mestre-do-humor.html
(04) http://tmjovem.wordpress.com/2009/08/12/revista-que-conta-tudo-sobre-mauricio-2/ 
(05) http://www.sandrofortunato.com.br/salgo/2009/04/18/lembrancas-do-pais-das-fabulas/
(06) http://www.danielazulay.com.br/cursos/m_escolas.htm